A saga de Constâncio e Fabiana(l)

“Seu” Constancio e Dª Fabiana eram ambos de origem humilde,ele do nordeste de Minas(quase Bahia)beira do rio São Francisco e ela da região que ficava no caminho de Cordisburgo,Curvelo e  Diamantina.
Coincidentemente,os dois ficaram órfãos de pai muito cedo,ele aos quatro anos e ela aos quase oito.O pai de Constâncio saiu pra fazer serenata e nunca mais voltou.
Só ele e Deus sabem porque; só levou o violão e deixou pra trás, a mulher e os três filhos pequenos,Constâncio e Carmem (gêmeos) com quatro anos e Clarinha, com três. Uma irmã de seu pai(Tia Mirinha) ,vizinha e amiga de sua mãe vendo a dificuldade da cunhada e e amiga, se ofereceu pra criar, educar e alimentar Constâncio, que já transitava mesmo pelas duas casas e era encantado pela tia Mirinha.Foi mais fácil assim pra mãe abandonada aceitar a oferta da cunhada, já que continuaria vendo sempre e convivendo com o filho, morando ali na casa ao lado da sua.
Depois de casado com filhos, Constâncio viria saber por carta de um irmão por parte de pai, que o velho foi parar em Goiás onde formou outra família.
Perto de fazer 10 anos, Constancio foi levado por um outro tio(irmão de tia Mirinha, Tio ZéAugusto) para um um Instituto Educacional de menores carentes chamado Instituto João Pinheiro, em Belo Horizonte, onde além de terminar o curso fundamental e o médio, aprendeu um pouco sobre lavoura,trabalhos manuais, aprendeu música e passou a tocar Clarineta na bandinha do Instituto. Aos poucos se destacou na música e no futebol,alí naquele lugar que ele guardou com saudade no coração pro resto da vida.
Quando fez 18 anos, idade limite para permanência da criança no Instituto, Constancio retornou á sua cidade natal pelas mãos do mesmo Tio ZéAugusto,que o levara  pra lá e virou  figurinha conhecida e admirada na cidade pelas suas atuações destacadas no time de futebol e no grupo musical que tocava nos bailes da terra aos finais de semana;

Do outro lado de Minas Gerais, Fabiana quase na mesma época que começou a saga de Constâncio, perdeu o pai, que apostou com um companheiro de pingas nos sábados, quem atravessava o Rio Paraopeba a nado, mais depressa.
O companheiro, que nadava mal, chegou primeiro e seu pai, tido como ótimo nadador,por causa de uma cãibra na perna, ficou no rio, sem conseguir fazer a travessia.
Seu corpo só foi encontrado quatro dias depois.
Fabiana, a única menina dos cinco filhos de Dª Maria Felix, costureira,viúva de apenas 21 anos,,aprendeu tudo sobre dirigir uma casa, com a mãe, pra ajudar a criar os irmãos.
Sua mãe que mal sabia assinar o nome,mas costurava muito bem,colocava sua máquina de costura Singer portátil na cabeça e ia costurar em casas de família.
Quando completou 8 anos, aconselhada por amigas e comadres, sua mãe levou-a a uma Instituição em Belo Horizonte chamada Orfanato Santo Antônio.,cuja Madre diretora aceitou-a mesmo sendo órfã só de pai, devido á situação difícil de sua mãe pra educa-la naquela cidade pequenina junto dos 4 irmãos homens.Segundo seu próprio relato, anos mais tarde, Fabiana ficou deslumbrada quando ultrapassou as portas do Orfanato.
Era hora do recreio e ela nunca tinha visto tantas meninas de sua idade, brincando juntas,felizes, naquele lugar que lhe pareceu um paraíso;Quando deu falta da mãe,encontrou a costureira já se despedindo da Madre diretora e ao se ajeitar toda pra acompanhar a mãe, ouviu desta:
” Não minha filha, você vai ficar aquí .De hoje em diante vai morar aqui como as outras meninas e a Madre e outras irmãs, vão cuidar de você.Mamãe vem te visitar de vez em quando.
Com lágrimas nos olhos e ao mesmo tempo feliz por pensar em estar todos os dias com aquelas meninas todas, Fabiana se despediu da mãe e voltou correndo pras brincadeiras no pátio.
Só saiu dali, também, como Constâncio, aos dezoito anos pra voltar á sua cidadezinha natal, no caminho de Diamantina.
(continua)
Aecio Flávio
Enviado por Aecio Flávio em 06/09/2007
Reeditado em 03/10/2007
Código do texto: T641117