Paixão vira lata, é Caso de Polícia?
Assim aconteceu em Cachoeira do Arari. Wilse, que tinha a sua cachorra boneca e cuidava como uma princesa estava cuidando da cozinha, quando percebeu que o cachorro do vizinho andava atrás da sua cadela. E nessa confusão, no corre, corre do cio, que é peculiar aos animais da espécie, o cachorro acabou quebrando o alguidar de dona Wilse.
Temperamental como ela, fez um barraco foi na casa do vizinho e falou, que se ele não tomasse providencias contra o seu cão, ela mesma ia dar um jeito.
Seu Ari, homem de temperamento calmo, apenas falou mansamente:
- Onde já se viu eu querer parar a vontade de um animal. Posso não ter estudos, mas isso não cabe.
Mas o homem, humilde e tranquilo procurou prender o Peralta. Que fazendo jus ao nome, no outro dia, arrebentou a corda e foi atrás da cachorra. E lá, na sua ânsia animal quebrou o pote de água.
Mais do que a primeira vez Wilse saiu com um paus atrás do cachorro, que pulou na água e seguindo a correnteza, foi parar do outro lado da margem do rio.
Como já tinha falado com o dono e nada havia resultado, pelo menos na sua cabeça ela pediu ajuda ao seu irmão Lourenço, que sempre obediente a irmã foi ao delegado.
Chegando na delegacia, ele chamou o delegado Narciso e participou o fato. Dizendo inclusive, que queria uma autorização pra capar o animal.
O Delegado que ouvindo atentamente, resolveu primeiro ir à casa do senhor Ari, pra ver se o dono do cão pagava o prejuízo e livrava o cão daquele destino, cruel, mas que estava quase que selado.
No entanto seu Ari, sem convidar o delegado pra entrar, da janela mesmo, com a fala mansa disse:
- Eu não vou pagar prejuízo nenhum, onde já se viu parar um animal, que não tem juízo.
Só na cabeça do senhor e dos delatores. E fechou a janela da casa.
Pra não popularizar a história e não ridicularizar a polícia, mais do que depressa o delegado deu a autorização para o senhor Lourenço capar o pobre Peralta.
Como a adivinhar o destino que o esperava ficou alguns dias desaparecido na mata, mas quando apareceu por cima das pontes, meio molambento, assentado sobre o rabo, bem em frente a taberna do senhor Pereira, foi enclausurado numa rede de pésca.
Sem saída o pobre, sem entender foi levado a força por uma procissão de homens à casa do senhor Lourenço, que mesmo com dó no coração fez o serviço. Acabando de vez com a paixão desenfreada do Peralta pela Boneca e com a fofoca, que já começava se expandir naquela pequena localidade.