PERSONALIDADE

Sentei num banco de pedra, pracinha arborizada, tentei encarar o sol, ninguém consegue, muito calor, meu corpo um tanto entorpecido... Cochilei vagamente. À minha frente, surgiu do nada uma mulher de aparência e idade indefiníveis... um pouco menos de 50?! Esticou uma pasta lilás e apenas disse: "Dinâmica de grupo em três noites de um curso que fiz há alguns anos. Se interessar, publique." E acrescentou: "Tudo vale a pena se a alma não é pequena. - FERNANDO PESSOA." Uma forte trovoada e ela sumiu.

----------------------------------------------------

QUESTIONÁRIO "QUEM SOU EU?"

1---COMO SOU (solicitadas 10 linhas no mínimo) /Ela usou cerca de 50 linhas manuscritas em letra de tamanho regular, legível sem óculos: leitura em voz alta./ - "Não sou uma eterna insatisfeita, mas gosto de versatilizar-me sempre. Desdobro-me com prazer. // Sempre me cerquei de livros, cartas, música, debates instrutivos em casa. Tenho enorme curiosidade sobre mim mesma e o que vai além de mim. Gosto de saber, aprender, conhecer... daí, por acaso ou numa procura inconsciente, uma Universidade federal quando o caminho por imposições (ela riscou esta palavra e a substituiu) limitações financeiras nunca teria sido este - não o foi também como seguimento normal na idade adequada. // Não sigo modelos pessoais. Sou eu mesma, original e não carbonada. Também não exijo de ninguém ser igual a mim (nem isto seria possível). Luto muito diariamente. sou esforçada. / Tenho ideias e procuro sempre colocá-las na prática ao acance de todos. Ensino. Adoro ensinar! (Desde que solicitada.) // Detesto mesquinharias estéreis que a nada levam - preconceitos (em geral), "bate-boca" somente para alguém se impor (existe a lei do mais fraco?), perda de tempo, deboches, brincadeiras ofensivas, calúnias sérias, disse-me-disse que não levam a nada (construtivo / destrutivo). // Gosto de coleções relacionadas a outros povos: postais, objetos, fotos. Sou detalhista, às vezes com memória fotográfica. Vou aos extremos - digamos, por exemplo, da música clássica (ouvir não quer dizer conhecer) ao folclore... Corrida de cavalos e orquídea. Saquê e acarajé. // Gosto de liberdade (minha e dos outros), que não prejudique terceiros elementos, porque é muito difícil em questões de trabalho ou outro ambiente, lidar todo santo dia com "proibiçõezinhas" do tipo - não pode tênis pesado, unha pintada, sentar naquela cadeira, faltar no meio da semana, comer antes dos outros, secar o guarda-chuva no banheiro etc. O eterno desequilíbrio entre a lógica e o "disparate" gera confusões estéreis. O poder na mão do louco faz com que ele proiba tudo o que se pode relacionar caoticamente numa folha de papel! E todos ao redor têm que ser (ofendendo o pobre animal!) "vaquinha de presépio". Sou rebelde quanto a isto - rebeldia com causa, e na coincidência maior sempre encontro no meu caminho gente que, em vez de viver harmoniosamente, procura perturbar a paz coletiva... e muitas vezes consegue!!! Milhões de pessoas... obedecem Masoquistas ou tolos medrosos? Quem se rebela, estará certo ou errado? Ou temos a vida inteira que cumprir o papel de ovelhinha??? Fazer tudo (mas TUDO mesmo) que seu Mestre mandar? E quando ordens e situações são ridículas, ameaçadoras? Nem todo chefe exerce uma liderança responsável, e todos sabemos que o cetro muitas vezes está nas mãos de quem o faz funcionar como se chicote fosse. O chicote muitas vezes consegue adeptos entre suas próprias vítimas. Há quem baixe sempre a cabeça. Eu não..." ----- MEUS DEFEITOS - "Sincera (até demais) e "pavio médio". Intolerante com a falta de palavra (quem não cumpre o que promete). Rebelde quando tentam me fazer de robô ou joguete entre dois fogos." ----- MINHAS QUALIDADES - "Curiosidade quanto a aprendizado e conhecimentos. Super-organizada (fichários particulares, anotações, documentação, arquivos). Capaz de guardar segredos eternamente."

2---COMO EU ACHO QUE OS OUTROS ME VÊEM - "Uma das teorias de JEAN-PAUL SARTRE é "o inferno são os outros"... mas é preciso que exista o outro para acontecer a nossa existência. // Não creio que me vejam tão negativamente assim, e tambem não pretendo ser o todo positivo. // Procuro sempre (e tenho conseguido, por ação ou porque as ocasiões me propiciem diferentes oportunidades) ser versátil, talvez até pareça aos outros estar em mil lugares ao mesmo tempo, daí esperam de mim muto mais do que eu possa dar (em questões de trabalho, situações emocionais e particulares etc.) e eu tenho que "me virar" seja lá como for. Até me surpreendo por vezes (!) no que parecem julgar "mil papéis". Em geral, me vêem como colaboradora, entre tímida e agressiva (outro dualismo), gostando de aprender e dar conhecimentos. Não tenho limites, daí - nos diversos tempos e setores da vida - penso que posso ser o que esperam de mim. Adapto-me em geral a tudo (ou colocam-me adaptada, às vezes), mas não creio totalmente em que o outro seja o nosso inferno. Afinal, nós somos também o inferno do outro... // Mas no geral, as pessoas me vêem como amiga e só não sirvo mesmo como conselheira. Sendo às vezes um tanto séria, tomam-me ERRONEAMENTE (com maiúsculas) como "anjo", do tipo não-gosta-de-nada e repara nisto e naquilo. É que sou discreta! (Como se enganam com o "anjo-encapetado-de-cara-suja"...) Sou uma pessoa normal, comum, não complicada, apenas reservada para não chocar ninguém, porque a primeira impressão fica e derruba. Tenho as minhas teorias e práticas; já fui de falar mais e muita encrenca aconteceu. Agora, olho, observo, escuto........"

/A seguir, cada ouvinte escreveu um adjetivo opinativo ou expressão curta sobre ela./

3---COMO GOSTARIA DE SER (10 linhas no mínimo) - "Mudar em quê, por quê? Tudo, não. // Ninguém muda integralmente. Consigo ouvir ao meu redor pessoas (ditas) complicadas, divergentes, e apaziguá-las. Se mudar isto, se mudar a minha capacidade de amenizar situações complicadas, aí eu não existirei. // Não concordo com o desamor que existe desde que o mundo é mundo. Não gosto de arestas. // Sou corajosa e a cada dia consigo vencer meus "dragões" interiores, se é que eles existem... // Gostaria apenas de ser um pouco mais irresponsável. Tenho muitas obrigações (profissionais / familiares), nunca podendo contar com ninguém. Isto cansa! Pau-pra-toda-obra sem direito a criar cupim! // Minha insatisfação não é tanta assim que eu necessite mudar tudo... Menos envolvimentos e alguma alienação seria melhor."

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 29/07/2018
Código do texto: T6403497
Classificação de conteúdo: seguro