GOLPES BAIXOS

1---Generalizando, golpe baixo é uma jogada desleal. Fora do boxe, agora no cotidiano, basta alguém planejar e tentar um desvio qualquer, já é golpe baixo, fora de acertos sérios anteriores. --- Minha AMIGA comprara uma geladeira e observou estranho acúmulo de água sob o gavetão, em pouco tempo mal cheirosa, certos alimentos se deteriorando rapidamente - limpava, enxugava, recomeçava. Ai, uma ainda "aprendiz de golpista-vigarista-usurpadora-extorsiva" (apenas?!), má fama ao redor /instruída pelo companheiro cheio da tramoias que em 50 anos de idade jamais tivera um emprego/, veio faxinar a casa, sugeriu que ELA doasse a geladeira "de marca praticamente desconhecida, não tem propaganda na tevê" e comprasse outra de marca mais famosa... Puxa-saco: "Você merece coisas boas!" Não! Três meses, ainda estava na garantia. Casual visitante feminina apresentou a resposta - havia um pino e um furo no interior (formatos masculino / feminino?!), parte baixa da geladeira, minha AMIGA acasalou-os: era um suadouro, talvez diferente nomenclatura, a água escorrendo pelos fundos desceria até o furo... pino somente seria usado em caso de entupimento. --- Uma cretina ensaiou entrada patética, mãos retorcidas em fantasioso desespero: "Não sei onde conseguir dinheiro para operação do coração da minha filha..." Minha AMIGA lembrou anterior pedido, uma semana antes, que não atendeu, de "casa caindo, pia caindo........" - sugeriu falado hospital de cardiologia, em outro bairro. "É longe........." Não foi. Há seis anos a moça casou com trapalhão machista, sempre demitido, e deve ainda o dinheiro do bufê - constantes pagodes, danças, bebida alcoólica, farras. Interessante! Coração 'muuuito' resistente. --- "Espertas" as pessoas tentam ser. Defeito no notebook recém-comprado ou erro no uso. O primo sério espiou pela janela, não devia ser nada dificultoso; dava instruções que minha AMIGA tentava executar. Vizinho veio palpitar, olho-grande no equipamento novinho. Mesma coisa. Inventou que notebook era "ainda" (em 2013?!) um invento experimental, ELA passasse para outra pessoa e comprasse um computador grande, "...até mais barato". Sentiu-se ofendida, agredida. Nunca opinião de terceiro. Não! Talvez fosse um defeitinho bobo, dependia do exame do técnico; não havendo conserto possivel (???), quebraria o atual aparelho em 'mil' (exagerou) pedacinhos e compraria outro do mesmo tipo... à vista. O cara empalideceu, engasgou, tossiu, não emitiu a menor palavra ou frase satisfatória. ---- Versão invejosa e despeitada de que ELA escreve: contista e cronista. Escreve, sim! Publicação gratuita recreativa - o prazer de ter leitores no planeta: conheço os excelentes trabalhos que ELA produz. Criou e fez sozinha um jornal mural religioso; "simbolicamente", porque todos os meses, em quase 8 anos, escrevia e não liam no ambiente afrobrasileiro. Ai, 'alguéns' /meu neologismo/ elogiavam com falsidade as estórias no site - "maravilha-parece-até-telenovela-ou-dava-para-montar-uma-peça-de-teatro-vai-virar-livro?" ELA escutava, calma aparente, e mandava que fizessem comentário oral. Incapazes: na verdade, não leram. Tentativa inútil de pedirem 'um trocadinho' para cigarro ou cerveja. Pior - pensam que ELA ganha muito dinheiro com as tais publicações sob pseudônimo - aí, pedem para ser co-autores, gente que pergunta se o T vem antes ou depois do M na ordem alfabética. Não! "Autores" de vigarices, sim. Dois visitantes semi-analfabetos, um dizendo que ELA colocaria o nome do outro: "Você acabou de falars... Esqueceu em um minuto?" Ganhá-la pelo impacto e pela emoção? Jamais. Expulsou-os de uma artificial amizade em tempo superior a vinte anos. --- Havia quem pedisse para ver o diploma, "só-para-saber-como-é" ou "mostrar-lá-em-casa". Falsificar através do dela? Não! Aliás, nunca mostrou a ninguém, para quê? Formada em Letras - professora municipal e estadual. Basta saberem isto. --- Varanda com muitas folhas secas das árvores próximas. A vizinha jovem que não cuida nem de sua própria casa, já veio trazendo a vassoura de piaçava e em conversa mole se ofereceu para varrer; minha AMIGA desconfiou, recusou, a vizinha insistiu, acabou deixando... Após a varredura, um pedido absurdo e avantajado. Não! A dona da casa, tranquilinha, sugeriu recolocação das folhas... --- ELA possuía alguns vasos com folhagens variadas na mureta da varanda. A mesma vizinha sugeriu que colocasse os vasos no chão, na frente das casas lado a lado, para "pegarem chuva". Como minha AMIGA estava feliz (eu mandara uma orquídea lilás), concordou temporariamente. Não choveu nadinha. Três dias depois, às seis da manhã, recolheu tudo novamente para a varanda. Vizinha calada, "não deu certo..." - reclamar o quê? ---- De banco fictício, telefonaram para saber a senha (um conhecido gaiato perguntara dias antes para "jogo do bicho"... não falou) - sem cartão magnético, impossível retirar dinheiro; voz não reconhecida de imediato, uma pessoa em sussurros instruindo 'o telefonisto'. Tranquila, informou que era uma senha especial, de altos financistas, mais letras que algarismos, dt4ii8ao (palavra idiota com letras embaralhadas + número da casa). O fulano disse ter anotado e agradeceu. --- A casa é muita distante da rua. Há um brinquedo que imita com perfeição o som de campainha. Aviso de que alguém estava lá fora, chamando-a com urgência, sem querer entrar, a recadeira oferendo-se para tomar conta da casa. Ora, pessoa íntima avisaria pelo celular. Fez a faxineira sair, trancou a casa, foi andando bem devagar, sabia niguém a espera, ironia machadiana; "Talvez fosse Bentinho... Não quis esperar Maria Capitulina......... Ele está morando em Itaguaí." No terceiro recado semelhante, a criadora da maluquice desistiu.

2---A origem de tudo isso? Não é esta ou aquela família, esta ou aquela cor da pele, a pouca ou mais elevada instrução, esta ou aquela cidade. É pensarem que, acima dos 60 anos, o ser humano idiotizou-se, acreditando e confiando em toda a canalhada ao redor. Apenas isto. EU aos 45 (jamais esuecerei) fui apontado por um jovem de 20 como "o meu velho"... Quanto mais idoso, maior experiência de vida no relacionamento humano, mais prática em lidar com as emoções, perceber as camuflações e a má fé. Grande sensibilidade sobre pessoas ruins, destrutivas. --- A diplomacia e a comunicação mercurianas / geminianas de minha AMIGA nestas ocasiões chega ao nível zero e as pessoas se espantam quando ELA reage. E como reage braba! Algumas vezes com uma frase enigmática, aprendida há décadas, infinitas aplicações e impossível tradução exata: "O mar é verde de tanta esperança afogada." --- Assumo que a imagino com eternos 25 anos porque é mulher, carioca e valente; não precisa da minha proteção de cavaleiro barroco, exige apenas respeito humano. Sou negativo se amistosamente me sugere algo /um Ariano impulsivo radical/ ou critica as minhas posições... Sou positivo se ELA se afasta e assumo saudades. Feliz quando lembro a frase de fevereiro/2011 - "Início de uma bela amizade."

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 29/07/2018
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