Ramos de flores
Esqueceu um ramo de flores na porta da casa dela. Escreveu um bilhete: Não tenho fronteiras e nenhum desejo me ocorre agora, cada um de nós tem seu momento do nada, do vazio, de uma incógnita. Um estado livre e transitório.
 
Vôo livre
Fechava os olhos e ajustava as asas para voar. Vagueava no país da imaginação e se divertia no mundo do amor. Mantinha sua leveza onde nada é concreto e o absurdo a conduzia a uma ilha de chocolate. Conhecia a plenitude da liberdade, mas sempre encontrava seu caminho de volta. O que fazer? Só se vive no real.
 
Fatalidade
A enfermeira Joana se escondia da chuva debaixo de uma árvore. Ele passa de carro em alta velocidade, lhe jogando água na maior impolidez. O carro derrapa e bate numa árvore. É levado ao hospital. Lá chegando é recebido por ela gentilmente, lhe dando a maior atenção. Encontraram-se na tragédia da vida dele.
 
As linhas
Gostava das linhas, pois lhe permitia ter sempre parâmetros para todos os seus objetivos. A linha é sempre definida qualquer que seja seu formato. Um dia, enquanto fazia tricô, perdeu a ponta do novelo. Passou a gostar de círculos.
 
Empoderamento
Era a mulher dos sonhos, das serenatas, de champanhe, vestido de noiva e grinalda.
Mudou. Passou a ser a mulher da cerveja, do hip-hop, do twiter, whatzap e, outros avanços tecnológicos. Entrou na era do empoderamento feminino. Na modernidade, não sabe mais se um elogio aos seus olhos bonitos é um assédio sexual.
Mas ainda quer ser mãe.
 
Na rua
É na rua que o grotesco se transforma em banal. Um fragmento de um tango invadiu sua escuta. Quimeras em muros, pinturas estranhas invadiram seu olhar. Até que leu na fachada de um cinema: Mulher Devassa se Entrega aos Poetas. Só podia ser Fellini. Gostou
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Heloísa Mamede
Enviado por Heloísa Mamede em 28/07/2018
Reeditado em 22/10/2018
Código do texto: T6402629
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