Medo
Estou com medo de fechar os olhos. Medo de sentir tua língua sobre meu corpo e a minha sobre o teu, medo de perceber o encontro dos lábios numa voracidade a qual somos invadidos, medo de te penetrar numa selvageria que nunca foi nossa e perceber a saciação de nossas vontades, dos nossos desejos.
Tenho medo de fechar os olhos e te perceber oralizando, e a minha língua procurando entender os detalhes do teu corpo, medo de nos fazermos um. Medo da intensidade que pairaria sobre nós, assim que começássemos a satisfazer nossas vontades. Vontades inumanas de nos pertencermos sem medo, sem restrições, sem pudor. Medo de chegarmos ao ápice do prazer.
Tenho medo de fechar os olhos, pois minhas vontades são tantas, mas o teu corpo não está em minha cama. Não dividiremos o mesmo cobertor.
Tenho medo de fechar os olhos e viver cada segundo intensamente de uma transa só nossa. Uma transa que, espontaneamente, desvenda quem somos.
Tenho medo de fechar os olhos, pois quando eu os abrir novamente, você não estará aqui.