VERDE QUE TE QUERO VERDE - PARTE III

VERDE, SEMPRE VERDE...

1808... e a cidade colonial se transformou no centro político de um império. Muitas mudanças e atualizações: prédios públicos e particulares, muitas casas.........

Mas o Rio de Janeiro não é só concreto - os parques têm estórias curiosas e vegetação exuberante.

ATERRO-PARQUE DO FLAMENGO - Antes da construção, década de 60, o mar ainda era perto do Palácio do Catete (atual Museu da República), com um cais para uso presidencial. Imenso e comprido jardim que se estende do Aeroporto Santos Dumont até o início da praia de Botafogo. Entre as construções feitas no parque, destaque para o Museu de Arte Moderna e o Monumento aos Mortos da II GM.

BOSQUE DA BARRA ou PARQUE ARRUDA CÂMARA - Construído em 1981, voltado à proteção ambiental e ao lazer interativo. Existem alamedas ideais para caminhadas, corridas e passeios ciclíticos, quatro churrasqueiras, sanitários e stacionamento; em 1994, implantado um horto destinado a pesquisas sobre mudas da restinga.

CAMPO DE SANTANA - O local foi um pântano, início do aterro em 1735, erguida uma capela para Santa Anna - local foi anteriormente chamado de Campo da Cidade e Campo da Aclimação, este último após a aclamação, ali, de D. Pedro I ter sido aclamado imperador, em 1822 - também palco de outros aontecimentos históricos: Proclamação da República (1889) e Revolta da Vacina (1904). Idealizado por Glaziou, o jardim romântico é a maior área verde do centro, com 155 m2, inaugurado em 1880, reunindo elementos de jardins ingleses e franceses - com caminhos sinuosos, canteiros irregulares, o parque mais movimentado da cidade, lugar de passagem por estar numa área comercial e o visitante pode desfrutar das sombras de árvores centenárias, frondosas figueiras e mais de 900 espécies de plantas, e observar o lago artificial com a escultura "Pescador napolitano", réplica de obra no Museu do Louvre, em Paris, e o monumento Benjamim Constant, a Fonte Stella e a gruta. Treze esculturas, em especial o quarteto representando as quatro estações. A caverna é artificial, feita de rocaille. Vivem no parque alguns animais - galinhas d'angola, patos-do-mato, cutias, cisnes e pavões. Tombado, destombado em 1942 e retombado pelo IPHAN em 2015. Na vizinhança, a Saara, de comércio popular, a Central do Brasil, o Palácio Duque de Caxias, o Arquivo Nacional, a Casa da Moeda, a residência do Marechal Deodoro (que apenas atravessou a rua para proclamar a República, versão de doente, vestindo pijama), a Rádio Roquete Pinto e a Faculdade de Direito da UFRJ.

CASA DE RUI BARBOSA - Em Botafogo, a casa onde morou o jurista-diplomata-filólogo-político-escritor Rui Barbosa, construída na virada dos anos 1840 e 1850, depois de dois anos exilado em Londres, devido a questões políticas. Uma escritura de compra descreve o jardim; o segundo morador fez maiores intervenções, nos parâmetros românticos de Glaziou - lagos, pontes e pedras. A residência é hoje um museu que abriga a biblioteca original; na garagem, carros antigos. Obra grande terminada em 2016 considerou valor histórico e artístico, utilizadas fotos da reforma de 1930 e documentos do próprio Rui, que adorava plantar rosas. Ainda há mangueiras (que dão frutos pequenos e doces), parreiras (uvas azedas!). pitangueiras, roseirais e outras espécies; avistados micos maritacas e tucanos.

FLORESTA DA TIJUCA - Foi uma grande fazenda de café. Com o fim do cultivo do café e a necessidade de preservar as nascentes dos rios que abasteciam a cidade, D. Pedro II, em 1861, nomeou o major Manuel Gomes Archet, encarregado da tarefas de reflorestar as antigas áreas devastadas. Segunda maior floresta urbana do mundo, 3972 hcectares, uma das melhores opções para estudiosos da natureza, de flores e fauna; possui centros de visitantes e educação ambiental, e visitas guiadas. Entrada pelo Alto da Boa Vista.

JARDIM BOTÂNICO - Uma das primeiras decisões do príncipe regente D João foi criar uma fábrica de pólvora e um jardim de aclimação, este inaugurado em 13 de junho de 1808, após desapropriar o Engenho Nossa Senhoradeveriamter Conceição da Lagoa, pertencente à família de Rodrigo de Freitas, descrita como área da encosta do Cristo até o Morro Dois Irmãos, pegando toda a franja da Lagoa. Como estadista, ele queria que todas as colônias tivessem jardins - ver as espécies melhor se aclimatassem, para fins comerciais.. A primeira muda de palmeira imperial do JB, árvore-símbolo, chegou na bagagem de Luís de Abreu Vieira e Silva, português em trajetória da Índia para a costa africana, interceptado pelos franceses, levado para as ilhas Maurício, mas tinha muito status e negociou a liberdade ás custas da Coroa; navio foi buscá-lo e libertou duzentos prisioneiros de Portugal - conseguiu "esconder" 20 caixas de cânfora, cravo, canela, noz-moscada, caju etc. e uma muda desta palmeira, plantada em 1809. Em 1810, chegaram 82 caixas de especiarias e o jardim passou a plantar chá, empreitada fracassada - vieram 300 chineses para o cultivo do chá, de excelente qualidade, mas os ingleses monopolistas proibiram a exportação. Em 1890, o botânico Barbosa Rodrigues organizou canteiros de famílias botânicas. Não um mero jardim, mas um instituto que atua em áreas pedagógicas e de pesquisa. Existem áreas como as aleas, o bromeliário, o orquidário, o herbário, o jardim japonês e um lago bucólico - há um café, parque infantil e um restaurante. Opção digital é o aplicativo "Jardim digital".

MUSEU DA REPÚBLICA - Sede do poder executivo do Brasil de 1897 a 1960, era o Palácio do Catete, em destaque o imenso jardim, espaço-refúgio para quem deseja um lugar tranquilo para caminhar. Projeto de Glaziou, que teve o aluno Paul Villon responsável pela remodelação ao final do século XIX. Tombado pelo Sphan, anterior ao Iphan, em 1938, recebeu novo projeto paisagistico nos anos 1990, restauração da rede elétrica, do sistema de escoamentode deágua e recebeu implantação de irrigação automática no fim desta década, muros substituídos por grades: ambiente mais agradável. Entre as obras artísticas espalhadas pelo jardim, a escultura francesa do chafariz, do nascimento de Vênus.

PARQUE ECOLÓGICO CHICO MENDES - Áreas destinadas a jacarés-do-papo-amarelo e jabutis. Tem torre de observação, parquinho, bancos, trilhas para visitas guiadas, esacionamento, salão para exposição de pinturas e foto, bancos de concreto e mesinhas para jogos de tabuleiro.

PARQUE GAROTA DE IPANEMA - Privilégio de paisagem e vegetação, atraivo para esportistas. O local tem quadras de esporte, rinque de patinação, pistas de skate e uma ciclovia que vai até o Forte de Copacabana Em 1994, passou a integrar a área de proteção ambiental da área Copacabana-Ipanema, permitindo atividades que não afetem o ecossistema local.

PARQUE LAGE - Área total de 93,5 km2, com trilha aberta que atinge o morro do Corcovado e um lago. Projeto do paisagista inglês John Tyndale, em 1840, duas vezes reformulado entre as décadas 1920-1940, quando o proprietário, industrial Henrique Lage mandou edificar sua nova residência, estilo arquitetônico eclético, destacando-se um aquário construído em argamassa, imitando conchas e troncos de árvores; há pontes, bancos e quiosques próximos ao lago.

PARQUE DE PEDRA BRANCA - A maior floresta urbana do mundo, 12.500 hectares (125 k2) e o pico, ponto mais alto da cidade,tem 1024 metros. A rica flora do parque, delimitado por todas as encostas do maciço homônimo, inclui árvores como jequitibá e tapinhoá; ali, vivem macaco-prego, furão, tamandupa-mirim e porco-do-mato, este quase extinto, além de 180 espécies de aves. Atrativo natural é a Cachoeira do Mucuíba. Há trilhas separadas para trajetos a pé, de bicicleta ou a cavalo, destinos que abrangem a Reserva do Camorim, o Morro da Toca Grande e a travessia Vargem Grande - Ilha de Guaratiba.

PARQUE DAS SERRAS DO MENDANHA E DO QUITUNGO - Um dos últimos grandes remanescentes da Mata Atlântica da cidade, a maior área da Zona Oeste, imensa beleza natural, contando com umapiscina natural e duchas com água de nascente. Duas trilhas ecológicas, uma circular com postes de madeira, suspensa e presa às árvores, e outra que leva à torre de observação. Parque ecológico situado no maciço de Gericinó-Mendanha, em Bangu. Na cabeceira do rio Guandu do Sapê, descoberto o único vulcão da cidade, extinto, coberto pela vegetação, altura de 100m, com cratera do tamanho do Maracanã, batizado Chaminé do Lamego, em homenagem ao seu descobridor - 50 a 70 milhões de anos. Local de difícil acesso. Também no alto da Serra do Marapicu, em Campo Grande, um cemitério de escravos, do século XVII, vítimas de uma peste que matou dezenas deles.

PASSEIO PÚBLICO - O mais antigo jardim da cidade - fundado em 1783 (ou 1768? - de todo modo, antes da vinda de D. João, futuro VI), com 33.600 m2, entre a Cinelândia e a Lapa Projeto de Mestre Valentim - autor do famoso chafariz da Praça XV -, espaço barroco inspirado em jardins franceses, erguido sobre um aterro que soterrou a Lagoa do Boqueirão da Ajuda, descrita como "pântano pestilento". Do projeto inicial, restam as pirâmides de granito, os portões de ferro em estilo rococó e a Fonte dos Amores com o Chafariz dos Jacarés. D. Pedro II reformou o espaço em 1860, projeto entregue a Glaziou, saindo o traçado geométrico e entrando o estilo inglês romântico. Restaurado em 2004, foram descobertas relíquias, como a calçada do Café Theatro - voltou a ter o traçado de 1861.

QUINTA DA BOA VISTA - Estória rica, sede do império - foi fazenda dos jesuítas e chácara de um comerciante rico, doada em 1808 a D. João. Depois de muitas reformas, o Palácio Imperial ganhou estilo neoclássico, virou residência, chácara e jardins até a República, em 1889. Ampla área verde de 155 mil m2, no bairro de São Cristóvão, parque tombado pelo IPHAN em 1938, área de lazer com várias atrações para toda a família: quadras poliesportivas, pedalinhos, passeios por lagos, cascatas, pontes e grutas em rocaille, o zoológico e o Museu Nacional. Durante o passeio, apreciar a Alameda das Sapucaias com árvores frondosas, o Templo de Apolo e as estátuas em bronze de D. Pedro I e da Imperatriz Leopoldina.

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LEIAM meu trabalho "Guaratibas (plural, sim)".

Consulte a Fundação Parques e Jardins - www.rio.rj.gov.br/fpj

NOTA DO AUTOR:

Auguste Marie Glaziou - Paisagista francês que projetou vários espaços verdes do início do século XIX.

FONTE:

Recortes diversos --- "Visitas guiadas ao passado" - Rio, revista NÓS DA ESCOLA,n.4, n.40/2006 --- "De tombo em tombo" - Rio, revista O GLOBO, 12/7/15 --- "Pelos oásis urbanos cariocas" - Rio, tablóide O GLOBO / OESTE, 22/6/18.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 08/07/2018
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