A ex-dependente tecnológica - Tudo é possível ao que crê II
- Filha, venha já almoçar! - é dona Marieta, mãe de Luíza. Já é a quarta vez que a chama.
- Espera aí, mãe! Tenho que terminar essa fase!
- E não dá pra pausar?
- Não!
- Tem certeza?
- Claro, né mãe! Faz tempo que eu jogo!
De repente, dona Marieta entra no quarto e desliga o computador da tomada.
- Tá ai! Consegui pausar! - diz ela.
- Que droga, mãe! Deixa de ser chata! - grita Luíza, morrendo de raiva.
Ela entra na cozinha e senta à mesa, sem dizer uma palavra.
- Como foi a escola hoje, Luíza?
Luíza não fala nada. Finge que nem escutou e continua comendo, às pressas, para finalizar o jogo. Ela termina de comer em menos de 10 minutos e sai correndo para o quarto. E dessa vez ela tranca a porta.
- Luíza da Silva Moreira, volte aqui imediatamente! - grita dona Marieta, vermelha de raiva.
Luíza está escutando rock com fones de ouvido, no volume máximo.
Passam-se 4 horas. Já são quase 3 da tarde e Luíza continua no quarto. Por ela, só sairia dali na hora de dormir.
Ela realmente faria isso, se sua mãe não tivesse a cópia da chave do quarto. Acontece que ela tinha, e Luíza não sabia.
Dona Marieta vira lentamente a chave e a maçaneta, para não ser percebida. Ela abre a porta devagar... E rapidamente desliga o computador da tomada de novo.
- Vamos merendar? - pergunta ela.
- Não! Eu não vou!
- Como ousa me desobedecer?
- Se você não me respeita, também não vou te respeitar.
- Luiza...
- Sai daqui, mãe!
- Depois não diga que eu não avisei.
- Sai!!
Luíza bate a porta na cara de sua mãe. Ela deita na cama e começa a chorar. Está muito triste, pois não consegue se relacionar com sua família. Ela está literalmente desaprendendo a viver em sociedade.
Ela procura uma solução: Lembra de Marcelo, um de seus poucos amigos na vida real. Ele sempre tem bons conselhos. Pensa em ligar pra ele... mas o telefone toca. É ele, o Marcelo.
- Alô!
- Oi Luíza, está tudo bem?
- Não muito.
- Eu já sei porque. Brigou com sua mãe de novo, né?
- Como você sabe?
- Ela me disse.
- Essa minha mãe. Sempre fofocando nossa vida pessoal para os outros.
- Mas não se preocupe, Luíza. Eu não te liguei pra te julgar, e sim pra te ajudar.
- Como?
- Através de um desafio.
- Ai, eu adoro desafios. Pode falar.
- Eu te desafio a passar um dia desconectada.
- Ah, mas eu não consigo. Isso é impossível!
- Você já tentou?
- Não, mas acho que..
- Tente. Tudo é possível ao que crê. Tantas pessoas nesse mundo já conseguiram fazer coisas muito mais difíceis.
- É verdade. Muito obrigada Marcelo.
- De nada. Até mais!
- Até!
Luíza desliga o telefone. Não só a ligação, mas o aparelho também. Ela o guarda em uma gaveta chaveada e dá a chave à sua mãe.
- Mãe, a senhora promete que só vai me devolver amanhã?
- Prometo, mas porque?
- Meu celular tá lá dentro. Vou passar o dia inteiro desconectada.
- Você tá doente, minha filha?
- Muito pelo contrário, mãe! Eu me libertei da dependência tecnológica!
Luíza passa um dia maravilhoso com sua mãe. Elas conversam por horas, leem juntas, brincam. Enfim, têm um dia maravilhoso!
No final do dia, Luíza fala pra sua mãe:
- Hoje eu aprendi duas coisas: Primeiro: eu não preciso de jogos pra ser feliz.
Segundo: Eu sou capaz de vencer qualquer problema, se eu crer!