CELTA, MEU TATARAVOZINHO MILENAR

Se alguém cantar em gaélico, se lhe "apresentarem" o rei Artur e os valentes cavaleiros da Távola Redonda ou Asterix, o gaulês... você estará no fascinante, embora antiguinho, mundo CELTA. Grande herança cultural nas artes em geral: literatura ("Tristão e Isolda", lenda do século IX), escultura, joalheria, metalurgia e cerâmica. // Origem ignorada - não uma civilização ou raça única, mas uma grande comunidade unida por semelhanças de lingua, religião, soeciedade e cultura... vestígios arqueológicos entre 900 a 700 a. C., o ferro começando a substituir o bronze em armas e ferramentas. // No século V a. C., ocupavam a região de Harz, atual Alemanha, e se espalharam pela Europa, incluindo as ilhas britânicas, um tanto 'longinhas' e aparentemente não acessíveis, O primeiro período celta, o chamado Halstt, na Áustria, durou até o século V a. C. e o segundo, o chamado La Tène, na Suíça, teve apogeu entre os séculos III a I a. C., gauleses se rendendo à poderosa Roma. Logo depois, a Gália (parte do território celta, do rio Reno aos Pirineus, ocupando boa parte da França) adotou certa "romanização", novos costumes. Prosseguiram em conquistas mlitares nas ilhas britânicas, que nunca foram inteiramente dominados pelos romanos, e sofreram, a partir deste século V a. C., também invasões de anglos, jutos e saxões, povos de origem germãnica que se fixaram na inglaterra (o idioma inglês deriva dos idiomas desses povos). // O cristianismo chegou e mudou muita coisa; a cultura celta diluiu certas tradições, conservando outras, principalmente sobre arte e arquitetura. O imperador JÚLIO CÉSAR testemunhou e registrou no livro "A guerra das Gálias" (Commentarii de bello Galico). // Vida celta - nunca formaram um império como os romanos, reunidas as populações fortificadas entre 520 e 450 a. C. em principados com grande riqueza: achados arqueológicos de túmulos. Havia a classe sacerdotal e os artesãos especializados; comércio intenso, principalmente com gregos e etruscos. Em poucas gerações, a política ou a economia os dividiu em aldeias menores também fortificadas, que serviriam de moradia para o chefe, uns poucos guerreiros e artesãos, em caso de ataques. Sim, porque a maiorias das pessoas vivia fora das muralhas, em casas de pedra ou madeira, dedicadas a pastoreio e agricultura, produtos variando segundo época e local, sempre cereais (trigo, cevada), grãos (lentilha), hortaliças e frutas. Linho e cànhamo na tecelagem, roupas feitas com fibras vegetais e lã tingida de cores fortes. Ourivesaria para ricos: joias de ouro e bronze. // Crônicas de historiadores os afirmam comilões e beberrões, festas com carne de gado e de caça (cervo, javali), muito hidronel (bebida alcoólica fermentada á base de água e mel, consumida desde a Antiguidade, fabricação anterior à do vinho e da cerveja... com a curiosa regra de "gordo... pagar multa". (Coitado do Obelix!) Gauleses era um conjunto de populações celtas que habitava a Gália, território atual da França, Bélgica e norte da Itália. Tradição religiosa - havia a classe sacerdotal, os druidas, que cuidavam das cerimônias religiosas (festas, cultos, sacrifícios), tendo também juízes, professores, médicos, filósofos e cientistas (campos preferidos eram a física e a astronomia). Rituais realizados na floresta ou em locais sagrados, como grutas e colinas - para este fim, usava dolmens (construções megalíticas formadas por rochas colocadas na vertical sobre a qual se assenta uma laje, formando uma câmara circular - em geral, funcionavam como local de sepultamento coletivo) e construções megalíticas (enormes blocos de pedra que datam do período neolítico, entre 5000 a 3000 a. C., construções erguidas de acordo com eventos astronômicos, funcionando como "calendários" gigantes que marcavam a marcha do sol ao longo do ano). Ainda vestígios no círculo de pedras em Stonchenge, Inglaterra. Dizem que, na morte, a alma iria habitar outro mundo junto a seres sobrenaturais; fadas, elfos, deuses e deusas. A Grande Mãe distribuía a vida e havia centenas de divindades, como Dagda, Ogmios, Taranis e Lug; este era - segundo CÉSAR - o inventor de todas as artes. Muitos mitos, estórias e lendas aprendidos de memória através dos druidas literatos - bardos na Gália e fili na Irlanda fizeram sobreviver lendas, poemas e toda a tradição literária celta; as estórias arturianas são descendentes diretas, assim como contos de fada e boa parte dos livros de fantasia, Mago Merlin, Harry Potter... Merlin não era nome de pessoa e sim um cargo para união e harmonia entre a magia e os seres humanos. O mais importante merlin foi Tallesin - tinha o dom a premonição e era grande conselheiro do rei Artur (filme "A lenda da espada", 2017) e dos destinos dos cavavaleiros da Távola Redonda. // À TRADIÇÃO? Muitos séculos após o declínio da civilização celta, os descendentes "voltaram à origem", retornando a aspectos da cultura dos ancestrais e os incorporando à identidade nacional. A Irlanda (o idioma gaélico passa a ser proibido pelos governantes ingleses) possui os traços mais fortes, tradição também retomada na Bretanha (noroeste da França) e na região da Galícia (Espanha). Fora da Europa, crescente o interesse pela cultura celta, especialmente mitologia e música (rock, quem diria...) e a arqueologia abre novos sítios à visitação. // Dispense a poção do druida Panoramix, não espere a barca para Avalon. Sonhe!

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LEIAM meus trabalhos "Filtro de amor" e "Rei Artur "era" eu".

HQ - ASTERIX e OBELIX, protagonistas, amigos gauleses que nasceram no mesmo dia; criação de GOSCINNY & UDERZO em 1959. ASTERIX é um guerreiro gaulês que, no ano de 50 a. C., vive numa aldeia que resiste bravamente à ocupação de César e ao domínio do Império Romano. Nessa aldeia, o druida PANORAMIX preparou uma poção mágica que dá força sobre-humana.

NOTA DO AUTOR:

Commentarii de Bello Gallico ou Bello Civli - texto real de Júlio César em que relata operações militares durante as Guerras da Gália (de 58 a.C. a 52 a.C.), de que foi vencedor.

FONTE:

"A antiga civilização celta" - SBPC, Ciência Hoje das Crianças, Revista de Divulgação Cientifica para crianças - ano 20, n.184, out./07.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 01/07/2018
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