Teu silencio de despedida
Naquele dia, tudo o que ele queria era ouvir tua voz, sabias que estava morrendo e que tudo seria diferente dali para frente. Não havia nele soluções, pois sabia que chegara a hora de partir, acariciou tuas mãos, olhou em teus olhos, mas foi interrompido por algumas palavras tuas, havia nele vontade de externalizar a dor que sentira, mas era muito desafiador ouvi-lo, pois ele precisava desejar tudo o que sentira. Não permitiste.
Disseste o quanto o amava, o quanto era importante, mas não ouviste palavra alguma. As lágrimas que de seus olhos escorriam, regavam flores murchas que insistiram em desabrochar em seus sorrisos por trás das lágrimas. Ele queria te falar, mas havia palavras demais em tua boca, optou por te ouvir apenas. Ele tinha pressa em ir pro lado de lá, queria dizer o quanto foste importante, mas tu não permitiste. Quando percebeste que o aparelho não fazia mais efeito, tuas lágrimas te calaram.
Era sonho.
Todas as vezes que a cena me atormentava, sabia que havia nele algum sinal, sinal de que tudo estava bem, mas tu não sabias se já estavas na primavera, ou se ainda és tempestade. Numa tarde daquelas em que nada fazia sentido, sonho.
Ele te disse "Eu tenho pressa, meu bem! ouve minha voz, permita que eu te faça perceber o quanto te amei." Mas tu não permitias, sempre acordara, até o dia em que foi preciso sair da tua alma, porque o teu corpo já não mais existia.
"Tudo o que eu queria era que ficaste bem, mas as coisas nem sempre nos ocorre à maneira que combinamos. Fica bem, voa! Não permita que pássaros que não sabem voar pousem em ti novamente.
O teu silencio é ainda o que ouço daquele fechar dos olhos.
E um dia não haverá espaços para minhas lembranças...