MOTEL DA MEIA NOITE
--- seu cretino!
--- o que houve? balbucia Jack enrolado à roupa de cama do motel.
--- vocês homens são todos iguais! --- responde ela com tom de agressividade da porta do banheiro que leva ao quarto.
--- mas o que foi que eu fiz?
--- sua necessidade animal esdruxula em demarcar território --- seus olhos ameaçavam guerra em defesa de uma causa feminista, ainda que não fosse causa legítima guerrear pelo desnecessário.
--- ai meu deus, tudo isso só porque eu gozei dentro? --- Jack estava despreocupado quanto a isso, suas atividades levaram-no a crer por todo um tempo de prática empírica que sua adesão à paternidade seria impossível diante comprovada esterilidade.
--- não seu tongo! Eu me cuido quanto a isso. É que vocês homens são todos iguais! Será possível que todos vocês façam questão de manipular este ato horrendo por toda uma vida? --- diz a moça indignada.
--- mas do que você está falando meu deusss??? --- Jack começa perder a paciência frente a situação vexatória qual se encontrava, mesmo sem saber o crime de lesa majestade que havia cometido.
--- É sempre a mesma coisa todos vocês. Eu desisto, não tem jeito mesmo --- Jack encara mulher de modo a fuzilar seu corpo sem emitir uma única palavra, respira fundo e procurar restituir sua paciência com um único pensamento. "Essa mina é loka mano".
--- Viu, se arrume rápido aí que eu to a fim de zarpar daqui já. Onde posso te deixar? --- Jack levanta-se procurando suas vestes indignado com a situação. Minutos antes sua relação com ela havia sido um mar de rosas. Do encontro entre ambos no bar até o desembaraço de seus corpos encaminhados à cama, tudo que se pronunciou fora apenas sentimento de carinho atrelado a paixão. De um segundo para outro sua dignidade está posta ao exílio sem qualquer motivo aparente. Tudo que lhe resta é escapar das garras da discussão evidentemente insensata.
--- como assim onde posso te deixar? Seu estúpido, vai me deixar em casa é lógico. Mas antes você limpará com sua dignidade a gota romântica que você sobrepôs à tampa do vazo, porque eu não sou obrigada!
--- Todo esse alvoroço porque há um pingo de xixi aí? --- Jack está pasmo--- Viu, só posso confirmar uma coisa em. Essa gota romântica aí não é minha. Eu só entrei no banheiro para lavar a mão. Deve ter sido o casal anterior.
--- Meu deusss!!! Que nojooo!!! Mas não adianta se desviar vocês homens são todos iguais --- Jack já havia posto sua calça e jaqueta. Levanta os olhos como quem faz desdem para o argumento.
--- Viu estou indo --- Jack não suportava mais ouvir aqueles comentários.
--- Ah tá! Vai me deixar aqui sozinha agora. Só falta pedir para dividir o valor do quarto! --- Jack estava realmente em apuros. Além de suportar o descontrole emocional da moça, teria que pagar a conta do quarto, deixá-la em casa, para que só mais tarde pude-se voltar ao bar tomar a saideira. Jack pensou melhor, definitivamente ela não compensava o crime do atraso para com seu compromisso fiel à saideira.
--- Viu garota --- grita Jack da garagem do motel --- nada pessoal viu, mas chama um UBER que eu tô queimando borracha daqui, valeu, falou!
--- Seu malditooo --- Jack foi capaz de ouvir apenas essa expressão antes de acelerar sua motoca barulhenta até portaria. Pagou sua conta e se despediu dizendo para o nada.
--- Os homens são todos iguais, viu!