A intenção das palavras
Ela veio sorridente, um riso irônico. Passos pequenos e constantes com suas pernas pequeninas, quase tropeçando uma na outra. Eu estava sentado em um pequeno tamborete. Pôs-se entre minhas pernas e pegou, com suas mâos pequeninas, a minha barba crescida. Por um tempo tentou dizer algo entre um gaguejo e outro:
— Tu, tu... é feio...barbudo...feio!
Olhei no fundo dos olhos dela, abri um sorriso, disse:
— Eu sou feio e barbudo. Mas tu és a menina mais linda e doce que conheço!
— Falei mal de ti e tu diz isso de mim?
— É porque o que você pensa a meu respeito não muda o que penso a teu respeito!
Desprendeu-se de minhas mãos e foi brincar com as suas coleguinhas que a chamavam. Não havia maldade alguma na intenção de suas palavras, pois só queria brincar comigo, sem intenção de me machucar. Mas, antes de qualque coisa, é preciso que também as crianças aprendam o poder das palavras.