Por Que as Pessoas Fazem Mal a Si Mesmas?
Há muito tempo atrás, houve um Sábio Peregrino que viajava pelas cidades e povoados do Oriente. Não sabia-se ao certo sua idade, apenas que era bastante velho, porém, apesar disso, ele exalava vitalidade. Nunca ficava doente, e era capaz de caminhar o dia inteiro sem se cansar.
Em alguns locais por onde passava, pessoas lhe acompanhavam e tornavam-se seus discípulos. Todos ouviam atentamente à seus ensinamentos.
Certo dia, caminhavam pelo alto de uma montanha. Quando um de seus discípulos lhe disse:
– Mestre, algo incomoda meu espírito. Nós tentamos evitar o sofrimento, mas, por vários lugares onde passamos, vi pessoas que pareciam estar fazendo o contrário. Algumas estavam sempre bêbadas; outras sempre brigando com seus amigos e familiares, e outras sempre se sabotando. Por que as pessoas fazem mal a si mesmas?
O Sábio permaneceu alguns minutos em silêncio, apenas observando a imensidão dos montes e florestas ao redor. Parecia estar com o pensamento muito distante dali.
O discípulo, apesar de envergonhado, começava a se contentar em ficar sem respostas para sua pergunta, assim como ocorria algumas vezes. Isso era uma lição usada pelo Sábio para demostrar que, para determinadas perguntas, a melhor resposta é o silêncio.
Quando menos se esperava, o Sábio disse:
– Todos temos duas forças dentro de nós: Uma Destruidora e outra Criadora. A Destruidora se manifesta primeiro, pois, para se criar, antes é preciso destruir. Essa força sempre irá se manifestar e nós devemos utiliza-la para o “bem”, ou seja, para destruir aquilo que precisa ser destruído. Se não fizermos isso, ela poderá destruir à nós mesmos.
Ele fez uma breve pausa, então continuou:
– Só depois que o campo é aberto, que conseguimos destruir o que precisava ser destruído, é que a força criadora pode se manifestar.
O discípulo ficou alegre com a resposta. Olhou para seu mestre e achou-o tão velho e, ao mesmo tempo, tão sábio quanto as montanhas ao redor.