O que sou?
O que sou?
Ela chega, joga a chave na mesa, a bolsa no sofá e chuta o sapato longe. Checa o celular, liga a tevê e entra para o quarto.
Ei tô com fome!
Sai de lá direto para o banheiro, após um hiato ela sai enrolada na toalha. Olha aí... Vai à cozinha e começa a cozinhar alguma coisa... A casa fica com aquele ar acebolado com alho e óleo.
Vou ficar cheia de gordura. Eca!
Ela vem em minha direção ai que felicidade, agora ela me verá!
Puxa ela apenas abriu a janela. Em pé na minha frente, ela senta e estica as pernas... Daqui sinto o cheiro do perfume dela.
Ela desce a cabeça para o chão levanta e vem em minha direção de novo, eu me animo e começo a balançar encorajado pelo vento. Sinto fome! Ela não me vê ou simplesmente me ignora.
Volta com o livro na mão. Puxa! O que faço para ela me ver? Eu tenho vida, e tô aqui para ela cuidar de mim. Eu vou desistir, vou me entregar, vou gastar o resto da minha energia e força. Olha lá ela... Lendo, parece que ela terminou, vem baixando a cabeça novamente e chega perto da mesa, olha ela me olhou... Tá chegando... Tá chegando.
Tocou em mim. Tô sentindo os dedos dela nos meus pés. Aiii! ela saiu... Foi embora.
Volta! Tô com fome!
Iiii ela virou! Mas ela não me ouve... Ah! Traz comida na mão, eu sinto a água entrando, filtrando nos meus pezinhos... Tá friazinha uma delícia!
Agora sim, forte!
Com certeza amanhã eu floresço.