Praia

Ela me fazia sentir o que eu nem sabia dizer. Na verdade foi naquele momento em que percebi que não sabia externar a maior parte das coisas que eu sentia.

Enquanto a olhava, tudo o que queria era sentir o calor de sua pele, mas o sopro do vento, tão frio, me lembrava que sempre estaríamos distantes mesmo estando tão próximos. Me contentava então com a imagem do vento beijando-a nos lábios e trazendo seu frescor até a minha boca. Seus olhos tinham algo de diferente - e me perdoem o clichê. Um brilho intenso. Uma chama que queima em todas as direções. Um furacão calmo que te puxa pela mão e não te tira do lugar. Acho que é isso que dizem que é ter vida. E se pudesse, não pararia de olhá-la fundo, lá na alma. Eu queria mergulhar naqueles olhos.

Sabe, não acredito em acaso; destino ou qualquer um desses nomes que você possa atribuir a eventos aleatórios no universo. Mas, naquele momento, enquanto a olhava, não pude deixar de pensar na coincidência que é duas pessoas se conhecerem num mundo tão grande. Uma feliz coincidência.

Quase sorri, mas depois fiquei triste de novo. Eu era tão pequeno dentro de mim mesmo e ela tão grande. Eu tão incapaz de dizer qualquer coisa e ela tão esclarecida e inteligente. Queria poder dizer tudo só com o toque dos meus dedos como um transmimento de pensação ou qualquer coisa do tipo.

Que droga. Por que é sempre tão difícil dizer aquilo que sentimos?

A H
Enviado por A H em 08/04/2018
Reeditado em 09/04/2018
Código do texto: T6303415
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