Esse...

Esse baile de máscaras ao qual demos o nome de sociedade; esse território de calamidades chamado homem, bicho cego à deriva; esse esconderijo de fantasmas que teimamos em chamar nosso lar, nosso mundo. Como é estranho todas essas coisas juntas, fechadas em si mesmas, em meio ao entulho dos desejos reprimidos e também dos satisfeitos, as pessoas procuram onde é que deixaram a boca que um dia deu prazer; onde é que esconderam o sentimento indevido e onde, por ventura, enterraram o sonho que morreu por medo de acontecer. Seus olhos não brilham diante de uma ideia, suas almas já não dançam, suas vidas não andam com os próprios pés. Estão todos mortos. É assim que me sinto ao olhar esses cadáveres teimosos. É assim que me sinto com a falta de sentido deles

David Leite
Enviado por David Leite em 04/04/2018
Código do texto: T6299499
Classificação de conteúdo: seguro