MENTOR
Chegamos a um tempo de nossas vidas em que as reflexões acontecem até involuntariamente, é quando percebemos que nossa atenção se conduz mais para o espiritual que para o material. Refletimos desde nossas primeiras lembranças até o momento vivido, acontecimentos sutis que passaram uma vida desapercebida agora os entendemos, e somente então damos importância à religiosidade que aceitamos em nossas vidas. Era meio dia, final do inverno no ano de mil novecentos e sessenta e quatro, eu tinha doze anos de idade, e tudo era apenas uma aventura, estar fora de casa, alimentar-se de lanches, não ter nenhum compromisso, enfim apenas um passeio. Nossa viagem iniciou às cinco horas, fomos de Curitiba até aquele local no estado de Santa Catarina, e quando o ônibus parou em meio aquela mata tudo o que podia ver era apenas ônibus, caminhões, carros e muita gente. A paisagem era maravilhosa, em meio a serra com montanhas e muitas árvores enormes. Ao desembarcarmos fomos imediatamente para o final de uma fila que pude constatar ter quase um quilômetro de extensão entre subidas e descidas no meio da mata. Ao anoitecer eu impaciente já tinha visto todo tipo de pessoas, homens mulheres, crianças adultos, uns sorrindo outros chorando, aos gritos de dor, alguns passavam pela fila carregados em macas ou mesmo no colo e indo direto para o início da fila. Mas ao anoitecer a fila parou de andar, ficamos sabendo que o monge iria descansar e retornaria só na manhã seguinte, e nós passaríamos a noite ali na fila, recostado a uma árvore ou num barranco sobre a relva. Podia se ver algumas velas acesas ao longo da fila, o meu pequeno grupo que era o Seu Osvaldo, sua esposa, e a filha que tinha mais ou menos a minha idade dispunha de bastante comida, mas passamos muito frio na madrugada. Foi sem dúvida o alvorecer mais lindo que já vi, o sol majestoso trouxe a luz, trouxe os sons que eu já conhecia e nunca havia prestado atenção ou dado importância, mas quando senti sua falta eu os valorizei muito. E o calor então, o sol foi crescendo e me fez lembrar minha mãezinha estendo um cobertor sobre meu corpo. Indescritível sensação. Nos rostos próximos era possível ver fagulhas de alegria, mesmo em meio a tanto desconforto. A fila recomeça a andar, mais ou menos ao meio dia chegou minha vês de receber a benção do monge João Maria de Agostinho. Eu sequer sabia porque estava ali, eu fui apenas fazer um passeio convidado pelo Sr. Osvaldo, apenas uma aventura. Ali, no final daquele morro corria um riacho de águas limpas, bem na margem fora erguido um pequenino barraco de palha onde iniciava a fila e ficava o velho monge sentado impondo suas mãos sobre a fronte das pessoas, seus olhos pequeninos eram as cores diferentes que ressaltavam de seus longos cabelos e barbas brancas. É claro que cada um que ali passava levava consigo algo que somente este poderia dizer, mesmo que somente no tempo das reflexões, ou talvez algo como uma semente que um dia brotaria e daria frutos. Em Curitiba morávamos vizinhos, minha família e a do Sr. Osvaldo, eu era colega de escola da filha do Sr. Osvaldo, daí nosso conhecimento e relacionamento. Seu Osvaldo estava terminando a construção da casa em que morava sua família, aos finais de semana eu era seu ajudante nos afazeres, pintava, pregava e até um poço de água nós dois cavamos bem em frente a sua casa, simbolicamente como pagamento eles me levavam ao cinema nos sábados à noite, assistíamos aos três patetas, o gordo e o magro, filmes da época. Este relacionamento tornou-se tão intenso que parecia filho e pai, tornei-me até o barbeiro que cortava seu cabelo, com todo cuidado, pois ele tinha uma berruga logo acima da orelha direita e era preciso cuidado para não machucar. Na casa tinha uma saleta onde os três membros da família atendiam pessoas que os procuravam e transmitiam uma espécie de benção com a imposição das mãos. Eu mesmo sem saber ou entender por várias vezes recebi estas bênçãos. Algum tempo depois de uma viagem em que fui com esta família para receber a benção de um monge, numa tarde dessas que os poetas chamam de preguiçosa, soube que o Sr. Osvaldo tinha morrido, aquela berruga em sua cabeça que tantas vezes cuidei para não machucar era um câncer. Somente da rua eu pude ver dentro da casa, na sala as velas acesas e o lado do caixão. Não tive coragem e nem vontade de ver O Sr. Osvaldo. Da rua mesmo fui embora e não mais voltei aquela casa. O destino fez com que logo depois minha família mudasse para outro lado da cidade e nunca mais me lembrei do Sr. Osvaldo e sua família, não sei explicar como isso aconteceu, nenhuma lembrança até... Quando adulto, casei-me e fui morar no interior do estado de São Paulo, na cidade onde vivia a família de minha esposa. Família toda seguidora da religião espírita onde tive meu primeiro contato com o espiritismo. No centro espírita Redentor acontecia uma reunião de trabalho, foi quando a presidente dos trabalhos e médium vidente referiu-se a mim e descrevendo uma entidade um espírito desencarnado que estava ao meu lado, e demonstrava muita felicidade. Pela descrição a minha sogra mais seu irmão que também estavam presentes identificaram a entidade como um irmão seu já desencarnado que era chamado de Tio Nenê, para mim tudo bem e na seqüência inicie meu trabalho de desenvolvimento mediúnico psicografando mensagens que terminavam sempre com a frase. “Amigo de verdade jamais sente saudades”. Mensagens que as guardo com muito carinho até os dias de hoje. Quando nos referimos ao tempo e dizemos tantos anos, realmente não dá para avaliar, é preciso parar e refletir sobre os acontecimentos, e cada um e apenas ele sabe as proporções que assumiu cada mero acontecimento, e assim em bela manhã eu brincando com minha filha em seu carrinho de bebe, lembrei-me do Sr. Osvaldo. Desse momento em diante as mensagens psicografadas tinham assinatura, e a descrição da entidade feita médium vidente não poderia ter sido mais perfeita, e ao longo de todo meu tempo, a certeza deste amigo ao meu lado. Quarenta anos depois, atendendo a pedido do Sr. Osvaldo meu mentor espiritual, fui visitar sua família na mesma casa em Curitiba, mas só encontrei-me com sua viúva e lhe relatei o acontecido, e como instrumento psicografei uma mensagem que fez aquela velha senhora chorar muito e dizer-me ter entendido tudo o que estava escrito. Muitas transformações haviam acontecido na casa, muito mais em nossas vidas, mas o poço de água, agora mesmo sem uso ali estava em frente da casa simbolicamente saciando a sede. Paulo C. Rozeto. 28/08/2007 MENTOR Chegamos a um tempo de nossas vidas em que as reflexões acontecem até involuntariamente, é quando percebemos que nossa atenção se conduz mais para o espiritual que para o material. Refletimos desde nossas primeiras lembranças até o momento vivido, acontecimentos sutis que passaram uma vida desapercebida agora os entendemos, e somente então damos importância à religiosidade que aceitamos em nossas vidas. Era meio dia, final do inverno no ano de mil novecentos e sessenta e quatro, eu tinha doze anos de idade, e tudo era apenas uma aventura, estar fora de casa, alimentar-se de lanches, não ter nenhum compromisso, enfim apenas um passeio. Nossa viagem iniciou às cinco horas, fomos de Curitiba até aquele local no estado de Santa Catarina, e quando o ônibus parou em meio aquela mata tudo o que podia ver era apenas ônibus, caminhões, carros e muita gente. A paisagem era maravilhosa, em meio a serra com montanhas e muitas árvores enormes. Ao desembarcarmos fomos imediatamente para o final de uma fila que pude constatar ter quase um quilômetro de extensão entre subidas e descidas no meio da mata. Ao anoitecer eu impaciente já tinha visto todo tipo de pessoas, homens mulheres, crianças adultos, uns sorrindo outros chorando, aos gritos de dor, alguns passavam pela fila carregados em macas ou mesmo no colo e indo direto para o início da fila. Mas ao anoitecer a fila parou de andar, ficamos sabendo que o monge iria descansar e retornaria só na manhã seguinte, e nós passaríamos a noite ali na fila, recostado a uma árvore ou num barranco sobre a relva. Podia se ver algumas velas acesas ao longo da fila, o meu pequeno grupo que era o Seu Osvaldo, sua esposa, e a filha que tinha mais ou menos a minha idade dispunha de bastante comida, mas passamos muito frio na madrugada. Foi sem dúvida o alvorecer mais lindo que já vi, o sol majestoso trouxe a luz, trouxe os sons que eu já conhecia e nunca havia prestado atenção ou dado importância, mas quando senti sua falta eu os valorizei muito. E o calor então, o sol foi crescendo e me fez lembrar minha mãezinha estendo um cobertor sobre meu corpo. Indescritível sensação. Nos rostos próximos era possível ver fagulhas de alegria, mesmo em meio a tanto desconforto. A fila recomeça a andar, mais ou menos ao meio dia chegou minha vês de receber a benção do monge João Maria de Agostinho. Eu sequer sabia porque estava ali, eu fui apenas fazer um passeio convidado pelo Sr. Osvaldo, apenas uma aventura. Ali, no final daquele morro corria um riacho de águas limpas, bem na margem fora erguido um pequenino barraco de palha onde iniciava a fila e ficava o velho monge sentado impondo suas mãos sobre a fronte das pessoas, seus olhos pequeninos eram as cores diferentes que ressaltavam de seus longos cabelos e barbas brancas. É claro que cada um que ali passava levava consigo algo que somente este poderia dizer, mesmo que somente no tempo das reflexões, ou talvez algo como uma semente que um dia brotaria e daria frutos. Em Curitiba morávamos vizinhos, minha família e a do Sr. Osvaldo, eu era colega de escola da filha do Sr. Osvaldo, daí nosso conhecimento e relacionamento. Seu Osvaldo estava terminando a construção da casa em que morava sua família, aos finais de semana eu era seu ajudante nos afazeres, pintava, pregava e até um poço de água nós dois cavamos bem em frente a sua casa, simbolicamente como pagamento eles me levavam ao cinema nos sábados à noite, assistíamos aos três patetas, o gordo e o magro, filmes da época. Este relacionamento tornou-se tão intenso que parecia filho e pai, tornei-me até o barbeiro que cortava seu cabelo, com todo cuidado, pois ele tinha uma berruga logo acima da orelha direita e era preciso cuidado para não machucar. Na casa tinha uma saleta onde os três membros da família atendiam pessoas que os procuravam e transmitiam uma espécie de benção com a imposição das mãos. Eu mesmo sem saber ou entender por várias vezes recebi estas bênçãos. Algum tempo depois de uma viagem em que fui com esta família para receber a benção de um monge, numa tarde dessas que os poetas chamam de preguiçosa, soube que o Sr. Osvaldo tinha morrido, aquela berruga em sua cabeça que tantas vezes cuidei para não machucar era um câncer. Somente da rua eu pude ver dentro da casa, na sala as velas acesas e o lado do caixão. Não tive coragem e nem vontade de ver O Sr. Osvaldo. Da rua mesmo fui embora e não mais voltei aquela casa. O destino fez com que logo depois minha família mudasse para outro lado da cidade e nunca mais me lembrei do Sr. Osvaldo e sua família, não sei explicar como isso aconteceu, nenhuma lembrança até... Quando adulto, casei-me e fui morar no interior do estado de São Paulo, na cidade onde vivia a família de minha esposa. Família toda seguidora da religião espírita onde tive meu primeiro contato com o espiritismo. No centro espírita Redentor acontecia uma reunião de trabalho, foi quando a presidente dos trabalhos e médium vidente referiu-se a mim e descrevendo uma entidade um espírito desencarnado que estava ao meu lado, e demonstrava muita felicidade. Pela descrição a minha sogra mais seu irmão que também estavam presentes identificaram a entidade como um irmão seu já desencarnado que era chamado de Tio Nenê, para mim tudo bem e na seqüência inicie meu trabalho de desenvolvimento mediúnico psicografando mensagens que terminavam sempre com a frase. “Amigo de verdade jamais sente saudades”. Mensagens que as guardo com muito carinho até os dias de hoje. Quando nos referimos ao tempo e dizemos tantos anos, realmente não dá para avaliar, é preciso parar e refletir sobre os acontecimentos, e cada um e apenas ele sabe as proporções que assumiu cada mero acontecimento, e assim em bela manhã eu brincando com minha filha em seu carrinho de bebe, lembrei-me do Sr. Osvaldo. Desse momento em diante as mensagens psicografadas tinham assinatura, e a descrição da entidade feita médium vidente não poderia ter sido mais perfeita, e ao longo de todo meu tempo, a certeza deste amigo ao meu lado. Quarenta anos depois, atendendo a pedido do Sr. Osvaldo meu mentor espiritual, fui visitar sua família na mesma casa em Curitiba, mas só encontrei-me com sua viúva e lhe relatei o acontecido, e como instrumento psicografei uma mensagem que fez aquela velha senhora chorar muito e dizer-me ter entendido tudo o que estava escrito. Muitas transformações haviam acontecido na casa, muito mais em nossas vidas, mas o poço de água, agora mesmo sem uso ali estava em frente da casa simbolicamente saciando a sede.
Com autorização do autor :Paulo C. Rozeto.
Que apesar de ter partido, continua vivo em nossos corações.
Chegamos a um tempo de nossas vidas em que as reflexões acontecem até involuntariamente, é quando percebemos que nossa atenção se conduz mais para o espiritual que para o material. Refletimos desde nossas primeiras lembranças até o momento vivido, acontecimentos sutis que passaram uma vida desapercebida agora os entendemos, e somente então damos importância à religiosidade que aceitamos em nossas vidas. Era meio dia, final do inverno no ano de mil novecentos e sessenta e quatro, eu tinha doze anos de idade, e tudo era apenas uma aventura, estar fora de casa, alimentar-se de lanches, não ter nenhum compromisso, enfim apenas um passeio. Nossa viagem iniciou às cinco horas, fomos de Curitiba até aquele local no estado de Santa Catarina, e quando o ônibus parou em meio aquela mata tudo o que podia ver era apenas ônibus, caminhões, carros e muita gente. A paisagem era maravilhosa, em meio a serra com montanhas e muitas árvores enormes. Ao desembarcarmos fomos imediatamente para o final de uma fila que pude constatar ter quase um quilômetro de extensão entre subidas e descidas no meio da mata. Ao anoitecer eu impaciente já tinha visto todo tipo de pessoas, homens mulheres, crianças adultos, uns sorrindo outros chorando, aos gritos de dor, alguns passavam pela fila carregados em macas ou mesmo no colo e indo direto para o início da fila. Mas ao anoitecer a fila parou de andar, ficamos sabendo que o monge iria descansar e retornaria só na manhã seguinte, e nós passaríamos a noite ali na fila, recostado a uma árvore ou num barranco sobre a relva. Podia se ver algumas velas acesas ao longo da fila, o meu pequeno grupo que era o Seu Osvaldo, sua esposa, e a filha que tinha mais ou menos a minha idade dispunha de bastante comida, mas passamos muito frio na madrugada. Foi sem dúvida o alvorecer mais lindo que já vi, o sol majestoso trouxe a luz, trouxe os sons que eu já conhecia e nunca havia prestado atenção ou dado importância, mas quando senti sua falta eu os valorizei muito. E o calor então, o sol foi crescendo e me fez lembrar minha mãezinha estendo um cobertor sobre meu corpo. Indescritível sensação. Nos rostos próximos era possível ver fagulhas de alegria, mesmo em meio a tanto desconforto. A fila recomeça a andar, mais ou menos ao meio dia chegou minha vês de receber a benção do monge João Maria de Agostinho. Eu sequer sabia porque estava ali, eu fui apenas fazer um passeio convidado pelo Sr. Osvaldo, apenas uma aventura. Ali, no final daquele morro corria um riacho de águas limpas, bem na margem fora erguido um pequenino barraco de palha onde iniciava a fila e ficava o velho monge sentado impondo suas mãos sobre a fronte das pessoas, seus olhos pequeninos eram as cores diferentes que ressaltavam de seus longos cabelos e barbas brancas. É claro que cada um que ali passava levava consigo algo que somente este poderia dizer, mesmo que somente no tempo das reflexões, ou talvez algo como uma semente que um dia brotaria e daria frutos. Em Curitiba morávamos vizinhos, minha família e a do Sr. Osvaldo, eu era colega de escola da filha do Sr. Osvaldo, daí nosso conhecimento e relacionamento. Seu Osvaldo estava terminando a construção da casa em que morava sua família, aos finais de semana eu era seu ajudante nos afazeres, pintava, pregava e até um poço de água nós dois cavamos bem em frente a sua casa, simbolicamente como pagamento eles me levavam ao cinema nos sábados à noite, assistíamos aos três patetas, o gordo e o magro, filmes da época. Este relacionamento tornou-se tão intenso que parecia filho e pai, tornei-me até o barbeiro que cortava seu cabelo, com todo cuidado, pois ele tinha uma berruga logo acima da orelha direita e era preciso cuidado para não machucar. Na casa tinha uma saleta onde os três membros da família atendiam pessoas que os procuravam e transmitiam uma espécie de benção com a imposição das mãos. Eu mesmo sem saber ou entender por várias vezes recebi estas bênçãos. Algum tempo depois de uma viagem em que fui com esta família para receber a benção de um monge, numa tarde dessas que os poetas chamam de preguiçosa, soube que o Sr. Osvaldo tinha morrido, aquela berruga em sua cabeça que tantas vezes cuidei para não machucar era um câncer. Somente da rua eu pude ver dentro da casa, na sala as velas acesas e o lado do caixão. Não tive coragem e nem vontade de ver O Sr. Osvaldo. Da rua mesmo fui embora e não mais voltei aquela casa. O destino fez com que logo depois minha família mudasse para outro lado da cidade e nunca mais me lembrei do Sr. Osvaldo e sua família, não sei explicar como isso aconteceu, nenhuma lembrança até... Quando adulto, casei-me e fui morar no interior do estado de São Paulo, na cidade onde vivia a família de minha esposa. Família toda seguidora da religião espírita onde tive meu primeiro contato com o espiritismo. No centro espírita Redentor acontecia uma reunião de trabalho, foi quando a presidente dos trabalhos e médium vidente referiu-se a mim e descrevendo uma entidade um espírito desencarnado que estava ao meu lado, e demonstrava muita felicidade. Pela descrição a minha sogra mais seu irmão que também estavam presentes identificaram a entidade como um irmão seu já desencarnado que era chamado de Tio Nenê, para mim tudo bem e na seqüência inicie meu trabalho de desenvolvimento mediúnico psicografando mensagens que terminavam sempre com a frase. “Amigo de verdade jamais sente saudades”. Mensagens que as guardo com muito carinho até os dias de hoje. Quando nos referimos ao tempo e dizemos tantos anos, realmente não dá para avaliar, é preciso parar e refletir sobre os acontecimentos, e cada um e apenas ele sabe as proporções que assumiu cada mero acontecimento, e assim em bela manhã eu brincando com minha filha em seu carrinho de bebe, lembrei-me do Sr. Osvaldo. Desse momento em diante as mensagens psicografadas tinham assinatura, e a descrição da entidade feita médium vidente não poderia ter sido mais perfeita, e ao longo de todo meu tempo, a certeza deste amigo ao meu lado. Quarenta anos depois, atendendo a pedido do Sr. Osvaldo meu mentor espiritual, fui visitar sua família na mesma casa em Curitiba, mas só encontrei-me com sua viúva e lhe relatei o acontecido, e como instrumento psicografei uma mensagem que fez aquela velha senhora chorar muito e dizer-me ter entendido tudo o que estava escrito. Muitas transformações haviam acontecido na casa, muito mais em nossas vidas, mas o poço de água, agora mesmo sem uso ali estava em frente da casa simbolicamente saciando a sede. Paulo C. Rozeto. 28/08/2007 MENTOR Chegamos a um tempo de nossas vidas em que as reflexões acontecem até involuntariamente, é quando percebemos que nossa atenção se conduz mais para o espiritual que para o material. Refletimos desde nossas primeiras lembranças até o momento vivido, acontecimentos sutis que passaram uma vida desapercebida agora os entendemos, e somente então damos importância à religiosidade que aceitamos em nossas vidas. Era meio dia, final do inverno no ano de mil novecentos e sessenta e quatro, eu tinha doze anos de idade, e tudo era apenas uma aventura, estar fora de casa, alimentar-se de lanches, não ter nenhum compromisso, enfim apenas um passeio. Nossa viagem iniciou às cinco horas, fomos de Curitiba até aquele local no estado de Santa Catarina, e quando o ônibus parou em meio aquela mata tudo o que podia ver era apenas ônibus, caminhões, carros e muita gente. A paisagem era maravilhosa, em meio a serra com montanhas e muitas árvores enormes. Ao desembarcarmos fomos imediatamente para o final de uma fila que pude constatar ter quase um quilômetro de extensão entre subidas e descidas no meio da mata. Ao anoitecer eu impaciente já tinha visto todo tipo de pessoas, homens mulheres, crianças adultos, uns sorrindo outros chorando, aos gritos de dor, alguns passavam pela fila carregados em macas ou mesmo no colo e indo direto para o início da fila. Mas ao anoitecer a fila parou de andar, ficamos sabendo que o monge iria descansar e retornaria só na manhã seguinte, e nós passaríamos a noite ali na fila, recostado a uma árvore ou num barranco sobre a relva. Podia se ver algumas velas acesas ao longo da fila, o meu pequeno grupo que era o Seu Osvaldo, sua esposa, e a filha que tinha mais ou menos a minha idade dispunha de bastante comida, mas passamos muito frio na madrugada. Foi sem dúvida o alvorecer mais lindo que já vi, o sol majestoso trouxe a luz, trouxe os sons que eu já conhecia e nunca havia prestado atenção ou dado importância, mas quando senti sua falta eu os valorizei muito. E o calor então, o sol foi crescendo e me fez lembrar minha mãezinha estendo um cobertor sobre meu corpo. Indescritível sensação. Nos rostos próximos era possível ver fagulhas de alegria, mesmo em meio a tanto desconforto. A fila recomeça a andar, mais ou menos ao meio dia chegou minha vês de receber a benção do monge João Maria de Agostinho. Eu sequer sabia porque estava ali, eu fui apenas fazer um passeio convidado pelo Sr. Osvaldo, apenas uma aventura. Ali, no final daquele morro corria um riacho de águas limpas, bem na margem fora erguido um pequenino barraco de palha onde iniciava a fila e ficava o velho monge sentado impondo suas mãos sobre a fronte das pessoas, seus olhos pequeninos eram as cores diferentes que ressaltavam de seus longos cabelos e barbas brancas. É claro que cada um que ali passava levava consigo algo que somente este poderia dizer, mesmo que somente no tempo das reflexões, ou talvez algo como uma semente que um dia brotaria e daria frutos. Em Curitiba morávamos vizinhos, minha família e a do Sr. Osvaldo, eu era colega de escola da filha do Sr. Osvaldo, daí nosso conhecimento e relacionamento. Seu Osvaldo estava terminando a construção da casa em que morava sua família, aos finais de semana eu era seu ajudante nos afazeres, pintava, pregava e até um poço de água nós dois cavamos bem em frente a sua casa, simbolicamente como pagamento eles me levavam ao cinema nos sábados à noite, assistíamos aos três patetas, o gordo e o magro, filmes da época. Este relacionamento tornou-se tão intenso que parecia filho e pai, tornei-me até o barbeiro que cortava seu cabelo, com todo cuidado, pois ele tinha uma berruga logo acima da orelha direita e era preciso cuidado para não machucar. Na casa tinha uma saleta onde os três membros da família atendiam pessoas que os procuravam e transmitiam uma espécie de benção com a imposição das mãos. Eu mesmo sem saber ou entender por várias vezes recebi estas bênçãos. Algum tempo depois de uma viagem em que fui com esta família para receber a benção de um monge, numa tarde dessas que os poetas chamam de preguiçosa, soube que o Sr. Osvaldo tinha morrido, aquela berruga em sua cabeça que tantas vezes cuidei para não machucar era um câncer. Somente da rua eu pude ver dentro da casa, na sala as velas acesas e o lado do caixão. Não tive coragem e nem vontade de ver O Sr. Osvaldo. Da rua mesmo fui embora e não mais voltei aquela casa. O destino fez com que logo depois minha família mudasse para outro lado da cidade e nunca mais me lembrei do Sr. Osvaldo e sua família, não sei explicar como isso aconteceu, nenhuma lembrança até... Quando adulto, casei-me e fui morar no interior do estado de São Paulo, na cidade onde vivia a família de minha esposa. Família toda seguidora da religião espírita onde tive meu primeiro contato com o espiritismo. No centro espírita Redentor acontecia uma reunião de trabalho, foi quando a presidente dos trabalhos e médium vidente referiu-se a mim e descrevendo uma entidade um espírito desencarnado que estava ao meu lado, e demonstrava muita felicidade. Pela descrição a minha sogra mais seu irmão que também estavam presentes identificaram a entidade como um irmão seu já desencarnado que era chamado de Tio Nenê, para mim tudo bem e na seqüência inicie meu trabalho de desenvolvimento mediúnico psicografando mensagens que terminavam sempre com a frase. “Amigo de verdade jamais sente saudades”. Mensagens que as guardo com muito carinho até os dias de hoje. Quando nos referimos ao tempo e dizemos tantos anos, realmente não dá para avaliar, é preciso parar e refletir sobre os acontecimentos, e cada um e apenas ele sabe as proporções que assumiu cada mero acontecimento, e assim em bela manhã eu brincando com minha filha em seu carrinho de bebe, lembrei-me do Sr. Osvaldo. Desse momento em diante as mensagens psicografadas tinham assinatura, e a descrição da entidade feita médium vidente não poderia ter sido mais perfeita, e ao longo de todo meu tempo, a certeza deste amigo ao meu lado. Quarenta anos depois, atendendo a pedido do Sr. Osvaldo meu mentor espiritual, fui visitar sua família na mesma casa em Curitiba, mas só encontrei-me com sua viúva e lhe relatei o acontecido, e como instrumento psicografei uma mensagem que fez aquela velha senhora chorar muito e dizer-me ter entendido tudo o que estava escrito. Muitas transformações haviam acontecido na casa, muito mais em nossas vidas, mas o poço de água, agora mesmo sem uso ali estava em frente da casa simbolicamente saciando a sede.
Com autorização do autor :Paulo C. Rozeto.
Que apesar de ter partido, continua vivo em nossos corações.