Olhares
Compilar teu corpo nesta linha do pensamento e adormecer no infinito tempo, lembranças que se moldam nas digitais não tocadas cenas não vividas além do momento tatuado profundamente.
Sentimentos espalhados por todo esse mundo interno universo meu e sempre teu, intermináveis dias repousando na consciência branda.
Tempos que nos guiam para o começo de tudo, tempos que ao fechar os olhos lembranças das carruagens, tempos antigos que o presente faz esperanças, as lacunas e os portais que separam este mundo do nosso tempo.
Nas minhas andanças o passado circula em minhas veias desde quando o entendimento se fez em mim, parece-me um andarilho de muitos caminhos diferenciados e vividos plenamente.
E num desses mundos pensativos que a mente cria para completar dias repletos de horas ocupadas em cachoeira de rotinas e sua sobrevivência, um olhar descarrilhou o pensamento fora dos seus trilhos, como se a estação era chegada e descia ali um viajante.
Os passos lentamente lentos numa hora que seus minutos decidiram andar vagarosamente de cansaço e seus segundos se espreguiçassem e bocejassem de sono.
Aquele olhar parou a terra e seu movimento, o sol não moldava sombras naquele momento e o vento debruçou-se se largando inerte sobre os galhos das árvores.
Silenciado aquele olhar me cobria me tocava e me fazia vibrar em retoques batidos no meu coração.
Teu olhar, meu olhar...
Por um momento o olhar de nós voltou ao mundo se desligando de uma sublime estação de hipnose espiritual...
Quanto é o cachorro quente...?
Um sorriso tímido e sem jeito...
Sem pensar naquele momento tão longe e perto...
Pra você é de graça...!
Levando sua mão até os lábio num riso respondeu...
Imagina...!
Caindo em mim respondi o valor e ela aceitou, e comeu ali do meu lado, suco de laranja completamente gelado eu fiquei com tamanha excitação na minha alma, que voltava e regressava naquele olhar e rostinho bege de mim...
E assim acabou o almoço do meu amor sobre aquela mulher que encantara meu ser e um adeus que pedi que voltasse algum dia.
Naquela tarde o dia regressou a movimentar as pessoas e seus estômagos vazios e não parei um minuto sequer de pensar naquela minha mulher...
A melancolia do dia em seu final regressar a noite e seu comecinho azul, arrumando o quiosque móvel de costa para tudo menos ao meu pensamento ouve uma voz mansa a dizer...
Boa Noite...!
À noite me cumprimentara por ela que nunca ouviu os meus pesares e poemas na cadeira de vime lá em casa, ou seria a lua pedindo uma trova bem curta para o seu deleite noturno, nem uma e nem outra, aquele olhar penetrando em mim dizendo...
Dezenove horas em ponto sem atraso, um interfone uma voz dizendo pode subir, deixando aquela noite agradável repleto de mim, a porta se abre e subo as escadas do sorriso contido e com o olhar embutido na felicidade precoce...
Recebeu-me aquele olhar com um breve beijo em minha face e meu beijo na face breve naquele olhar...
Um som baixinho tocava naquele cômodo travessia do Miltão, Quadro de flores em escada pela parede de frente e toda uma geração escolhida e gravada no coração daquela sala de recordações, um sofá estampado com relvas de trepadeiras ensaiava um jardim naquela selva de cores em seus pufes e o Milton Me caçando em sua musica lenta...
Escrivaninha com seus poemas preferidos e romances de capa e espada um jornal do dia e uma revista feminina, no centro redondo centro uma redonda mesa de madeira e duas cadeiras e seu redor, uma toalha... porque se chamava moço ,..também se chamava estrada viagem de ventaniaaa...o pensamento canta...
Um castiçal no centro uma vela amarela e abajur aceso a iluminação explodia para acima e escorregava nas paredes e no vazio um creme desliza cinza...
Ela se levanta daquela mesa de jantar e começa a dançar e me convidou estendendo suas mãos ao som de Elis dois pra lá dois pra cá e bem juntinhos floríamos e um beijo ralo em seus lábios pequenos em seda meus lábios pousou e nunca mais voou para outros lábios.