Os livros quebram
- Filha para! - Não bate na lente da câmera para não quebrar. Foi assim que repreendi minha filha ao ver sua saga de criança.
Ela começou a rir, claro, criança ri por tudo. Ao menos a minha é difícil falar sem a velha escrotidão que nos une, a eterna perturbação. De todo modo, quis explicar como todo bom ocidental por meio de argumentos o que representava aquele comportamento para nós, então disse:
- Filha, (e arrisquei a velha e boa comparação metafórica) se você bater na câmera ela quebrará, no entanto, se fizer isso com o livro, veja, (bati, chacoalhei, dei mais umas porradas) não acontecerá nada. - Ta vendo!
Ela continuou sorrindo. Coisa de criança. E eu, na minha coisa de adulto continuei esperando que ela entendesse. Só que para minha surpresa, após sorrir muito disse-me, "-.. mas o livro também quebra Xerxes, quer ver, é só colocar na água."
- Espantoso! pensei de imediato. Como um ser de 4 anos manipula as palavras para articular persuasão em torno de algo comum como a destruição em ambos aspectos? Particularmente não sei, mas, fiquei bastante feliz por saber que minha filha não é boba, pelo contrário, trata-se de uma expert em virar o jogo, atenta ao culto no jogo das palavras, se firma no que é comum e não se deixa vencer pelo que lhe é imposta, pois, sob o poder da síntese fez do meu desespero (em quebrar a tal da câmera) sua total diversão.
- Gênia ou genial! Para o sujeito ou para a ação, a semente já se movimenta com a luta dos argumentos.