Banho
K. se moveu pela casa segurando a minha mão. Me puxou devagar até o banheiro e fechou a porta. Ainda dava para ouvir o barulho do resto da casa e da festa que se seguia sem se dar conta da nossa ausência. Ela abriu a torneira e ficou observando a água enchendo a banheira. Depois de um tempo, K. se levantou e me beijou exasperadamente, como se realmente precisasse daquilo. Dava pra sentir o ácido do vinho em sua língua... ou talvez fosse outra coisa. Ficamos presos um ao outro até que ela parou subitamente e me encarou, como se esperasse que eu fizesse algo em seguida.
- Sempre me perguntei como seria ficar com alguém numa banheira.- Eu disse.
Ela deu um sorriso, tomou um gole da garrafa de vinho que havia trazido consigo e começou a tirar a roupa.
Ficou completamente nua na minha frente e entrou na banheira que estava praticamente cheia. Fechou a torneira e se aconchegou dentro da água.
Afundou completamente, se reteve por alguns segundos e só então voltou à superfície. Fiquei olhando a cena e percebi que estava excitado como não me sentia há muito tempo.
Tirei a roupa do melhor jeito que pude e entrei na banheira ao seu lado.
Nos beijamos talvez por alguns minutos antes que parássemos, completamente sem ar.
Não sei quanto tempo ficamos ali, mas ao fim de tudo, a água da banheira já estava morna.
Me levantei ofegante e peguei uma toalha para me enxugar.
K. ficou na banheira, deitada preguiçosamente, apenas com a cabeça do lado de fora.
- Me faz um favor, meu bem? – ela disse. – Me acende um cigarro e põe meu celular para carregar.
- Ok. – Murmurei e confirmei com a cabeça.
Abri sua bolsa e alcancei um maço de cigarro e o isqueiro.
Acendi e a entreguei. K. deu um trago e me puxou para me beijar novamente.
Quase caí por cima dela, mas me sustentei com uma mão na borda da banheira.
Ela se ergueu e aproximou os seios do meu rosto.
- Você devia voltar pra cá.
- Vou voltar. Só preciso beber alguma coisa.
Enxuguei meus braços, peguei o celular dela, conectei o carregador e liguei na tomada.
K. ficou fumando o seu cigarro enquanto eu alcancei a garrafa de vinho e dei um gole.
Nesse instante o celular de K. tocou e ela instintivamente se esticou para pegá-lo.
Não me dei conta até que já tivesse acontecido.
Vi as fagulhas saindo do celular e K. afundando na banheira.
Arranquei o carregador da tomada, mesmo me queimando no processo.
Naquele instante, foi como se algo tivesse se partido e depois tudo ficou calmo.
Corri para a banheira e peguei K. nos braços.
Seu corpo tremia convulsivamente. Ela deu um suspiro pesado e então parou de se mexer.
Tirei seu corpo da banheira e deitei no chão seco.
Levei minha boca aos seus lábios e soprei com toda força que pude. Seu peito se estufou e eu o pressionei até que se esvaziasse.
Fiz isso algumas vezes, sem resposta alguma.
Me resignei e comecei a enxugar o seu corpo, sem saber o que estava fazendo.
Enxuguei entre seus dedos, suas pernas, braços e por fim os seus cabelos.
Depois a vesti por inteira.
Só então me sentei, me dando conta do que havia acontecido.
Eu já estava à beira de me desesperar quando percebi que ela respirava.
K. abriu o olho e se sentou, completamente desorientada.
Ela me abraçou e me puxou para junto de si.
Ficamos juntos por algum tempo
até que tudo parou de fazer sentido.