Sucos Coloridos...

O amor dissipa a distancia...

Logo o despertar diminui o amor..., esquecer-se de tudo é involuntário...

Forçada..., em uma fraqueza corpórea, intuições os degraus...

Câimbras no coração...

O trabalho é a poça de ilusões em que se afoga...

Mergulho sem volta, esquecer o esquecimento...

Não lembrar a lembrança...

O corpo não chora...

O sorriso não sorri...

O ponto inicial...

Centro refeito...

A medicina da vida...

As drágeas dos dias...

A crônica realidade.

Páginas que jamais serão lidas...

Asas em seus pés..., olhos negros, morenos cabelos, esbelto espirito...

A noite caminha todos os dias em seus pensamentos trajando a pele brilhante ébano...

O mundo só dispõe de sua companhia... Juntos...

Os passeios encontram motivos para viverem novos planos...,

E ela casou com o tempo...

Comprou uma tela e resolveu pintar uma nova vida...

Sua outra pronuncia a pintura, tintas e pincel, a mesa seu cavalete, sua inspiração um vaso sem flor...

Usando o branco e suas misturas como cinza criando as sombras em seu esboço criou formas arredondadas...

No bocal do vaso o vermelho. Pequenos losangos ligando-os de um ponto ao outro...

As azuis folhinhas barrocas, cansada imaginou pintar no dia seguinte uma pequena margarida com pétalas verdes e polem azul.

Olhos carinhosos deixaram a pintura secando ao ar escuro de sua cozinha adormecida...

Em seu leito adormeceu acolhida por sua imagem florida...

Pela manhã seu espelho ventrilocuo dizia bom dia a sua imagem refletida, amornava a fria água em seu rosto, sorria para sua escova de dente e seus cabelos acariciados pelo pente...

Seu lugar adormecido aos poucos desperta pela abertura do dia que renasce ao abrir de seus braços...

A cozinha despertada com sua luz desperta seus olhos pela tela num branco vazio...

Sem sua cor, sem sua alma, sua flor...

Um vaso quadrado vazio sem o esboço cinza sem flor...

A neve com sabor de café com traços finos de marrom, seu caule cobertos com pontinhos verdes formando folhagens finas, paralelos pinheiros descobrindo caminhos com fins da tela...

Deixou seu desenho e a rotina a vestiu...

A rotina deixada na porta finalizando sua carona até seu lar, coração satisfeito e barriga vazia, o jantar no micro ondas...

Avalanche...

Assim ela pensou ao ver a tela branca sem cor, pinheiros mergulhados na neve densa branca da neve...

Micro ondas?

Com o preto fez uma enorme interrogação e deixou a tela...

Adormecer na mesa...

Adormeceu em sua poltrona de pano vermelho e almofada preta e branca aconchegando sua cabeça...

Despertou assustada imaginando ter se perdido nas horas...

Na cozinha em sua tela a resposta a sua pergunta, em uma simples resposta direta...

Não crendo na resposta pegou sua rotina com alça e saiu...

Deixando seu lar as pressas irritadas...

A tela permaneceu com a resposta estampada em seu branco vazio...

A noite empurrou o claro sol que renasceu para outros olhos e em suas mãos esfregava outro dia...

A rotina despediu-se num cansativo cansaço enquanto entrava pela porta sua marionete, que logo chutou seus sapatos e dirigiu-se a cozinha descalça.

Sua meia polia o piso frio amarelo enquanto tirava de sua bolsa um vidro de cor escura.

O rótulo dizia... tintura a fogo couro.

Abrindo o vidro jogou uma pequena quantidade sobre a tela e espalhou com o guardanapo e pegando seus fósforos ascendeu sobre a tela, que incendiou e apagou rapidamente.

Um sorriso amarelo decidiu pintar sua nova intuição, uma travessa rasa de inox com uma maçã verde no centro.

A cinza e o branco com cintilante talento e o verde claro contrastando com o verde musgo escuro criando a sombra, aguardou secar por completo adicionou o liquido e ascendeu novamente a tintura a fogo, após isso molhou um pano e passou sobre sua pintura e nada aconteceu.

Satisfeita cobriu a tela com um pano branco e foi banhar-se em seu sono.

Acordou no dia que a chamava para dançar com sua rotina já pronta para sair...

Correu para cozinha e algo a entristeceu, sua pintura havia desaparecido, formando uma tela de cor branca e um grande vazio...

Sentou na cadeira jogou o pano que cobria sua tela no chão, debruçou sua cabeça sobre suas mãos e entrou numa profunda tristeza, afinal era um plano novo em sua vida de disfarces para os outros sentimentos que estavam fora, expulsos de sua vida.

Lembrando então de sua infância e sua solidão aumentou, começou a transpirar e uma lágrima rolou sem que ela permitisse e suas gotinhas caíram na tela branca, rapidamente pegou o pano do chão e passou num esfregão e secou a tela, e levantou-se da cadeira e foi para o quarto se arrumar.

E saiu para sua rotina...

Quando já noite retornou, foi até sua cozinha preparou a lavagem da louça e guardou tudo em seu lugar sempre com o pensamento o que iria fazer naquele final de semana.

Quando foi recolher a tela, seus pinceis e a tinta desistindo de pintar notou que havia uma cor na tela.

Um azul esbranquiçado...

Parecia água de mar...

Como?

Ela pensou...

E entendeu que sua lágrima derramou o sentimento colorido sobre sua tela...

Naquele final de semana emocionada e chorando muito sobre sua tela redesenhou sua pintura...

E percebeu que cada lágrima derramada em sua tela, seja qual for mudava de cor e vivenciava uma nova cor.

Nos momentos de saudade as cores eram mais expressivas e quentes, nos momentos de dor suas lágrimas redesenhavam paisagens de amarelos infinitos, e o vermelho no final com um sorriso.

CARLLUS ARCHELLAUS
Enviado por CARLLUS ARCHELLAUS em 13/02/2018
Código do texto: T6253027
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