Tímidos raios de sol forçavam as frestas da janela, aos poucos a escuridão da noite cedia lugar à luminosidade e calor. Eu, ao pé do fogão, esperava a água ferver.
Enquanto eu ouvia a água do chuveiro pipocar para o ralo, pensava no que havia acontecido na noite que findava: apareceu na porta de minha casa, havíamos conversado inúmeras vezes pela internet e finalmente nosso encontro acontecia. Minha decepção foi notória! Não era bonito nem elegante, fugia aos padrões idealizados por mim. Mantive-me distante e pensava numa maneira rápida de dispensá-lo.
Ele percebeu, levantou-se educadamente, desculpou-se por não ter me agradado .
Levantei-me constrangida do sofá, não conseguia olhar em seus olhos.
Ele se aproximou, pegou em minhas mãos, olhou profundamente em meus olhos, pediu um abraço.
Permiti o abraço e, senti nossos corações baterem no mesmo compasso, um calor nos envolver, uma vibração intensa e estranha.
O barulho do chuveiro cessou, pus a mesa para o desjejum.
- Café com ou sem açúcar?
- Sem, por favor, meu amor!
Sônia Lorena Aver