Rehab Center

Episódio I

 
   Costumava passar as noites em claro, ouvindo algumas fitas antigas e fumando, a velha busca por atordoar meus demônios. No fim, minha mente é quem se perdeu. Todo o medo da realidade drenou o poder de seguir em frente, justamente em uma época de recomeço.
   As fitas guardavam pedaços de nosso tempo, como se tudo tivesse sido deixado de lado e um espaço vazio se alastrasse no peito. Não sei se hoje, você ainda escuta essas canções, ou então, o que sente ao ouvi-las.
   Amanhã estarei preso, não sei bem como irei reagir. Um centro de reabilitação nunca fez parte dos planos, mas, era preciso, antes que não houvesse volta. Minha alma estranha e agora, meu corpo, ficará a mercê de outros loucos dependentes de sentimentos não compreendidos.
– David, por favor, levante-se. – Pediu Nina, minha mãe, já passava das nove horas daquele domingo.
   O fato de ainda ter vinte anos era de certa forma um problema, afinal, é uma das fases da vida onde não temos muita certeza do que iremos ser. Se bem, que posso presumir, no futuro as pessoas pensam exatamente no que se tornaram.
   O existencialismo é um paradigma ruim para se pensar, traz consigo as maiores dúvidas da criação e ainda por cima, torna tudo ainda mais insignificante. Talvez as pessoas devessem enxergar o mundo de uma maneira mais clara, ou, perder-se no limbo da realidade sendo tomada pela tecnologia.
– Ainda acredita que o mundo está ameaçado? – Perguntou Edgar, meu melhor amigo.
– Enquanto estivermos nele, sempre estará.
 
 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 03/02/2018
Reeditado em 03/04/2019
Código do texto: T6244472
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