O meu pai...
Seu bisavô Vicente, foi o 1° Cervejeiro da maravilhosa São Paulo, na cidade de Rio Claro, onde casou com Antonia, descendente do Barão de Araraquara e filha do Capitão George Schmidt. Nasceu o meu avô Fidelis, um homem íntegro e exemplo, qual eu tenho muito orgulho. Meu avô foi Prefeito nas cidades do Vale do Ribeira, Itanhaém e Itariri. Estas cidades cresceram graças ao empenhado esforço do meu avô e dos seus amigos o Governador de São Paulo, Carvalho Pinto e o Presidente do Brasil, Jânio Quadros.
Meu pai nasceu aos 26 dias do mês de Janeiro do ano de 1935, na cidade de Itariri e lá teve a sua infância sempre cercado de muitas estripulias e diversas aventuras... Subiu em árvores, capturou cobras e prendia em garrafas, corria atrás de lagartos, jabutis, tinha estilingue para atirar nas latas vazias, nadava no Rio, montava à cavalo e tinha como amigos os próprios irmãos 2 pestinhas iguais.
Ele até tinha um irmão mais comportado, mas era devido a distância do tempo na idade, pois enquanto Joseph, Buckwald e Edvald, às 3 pestes corriam no mato e aprontavam inúmeras travessuras, Gerald era um adolescente vaidoso, mimado e chato.
Meu pai e meus tios eram os capetas que toda mãe sonha em ter, pois eram lindos e cada um com seu jeito diferente... Joseph era ruivo e tinha os olhos castanhos esverdeados, Buckwald era um loiro cinza natural e tinha olhos castanhos claro, já o meu pai era o caçula e veio do fundo da panela... _(risos)... Ele era lourissimo e com olhos azuis iguais cristais no céu. Edvald quando criança, tinha a carinha de diAbinho e aNjo, daqueles que caíram do céu ou escaparam do inferno. Sim, completamente LiiiiiiNDO!!!
Não vou dizer que estes irmãos eram apenas pestes, mesmo porquê havia o irmão mimado e este era comportado, qual exemplo deveria ter sido seguido pelos travessos diabinhos. Gerald era alto, elegante, cabelos castanhos e olhos verdes.
Ele somente usava ternos e em seu armário haviam tantos que muitas vezes ficava à horas se queixar de não ter opção para conseguir sair, mas meu avô sempre lhe questionava dizendo :
-Se você tivesse apenas 1 ou 2, era bem mais fácil e não reclamaria tanto, pois quando eu tinha a sua idade, somente tinha 1 terno, qual ainda era usado e passou antes por 3 irmãos, antes de mim.
-Ah pai, conversa sua, pois meu avô foi cervejeiro e era rico!
-Sim, mas não era por isso que eu tinha tudo que você têm.
-Como não? ... O senhor está falando somente para tentar me convencer que tenho mais que tinhas e assim, me conformar.
-Meu filho, a vida de todas às pessoas é diferente, pois estamos em evolução à cada dia que vivemos. O mundo cresce, às pessoas mudam seus hábitos e comportamentos, às coisas que hoje são fáceis, eram muito difícil e os valores são somados à cada demanda do crescimento econômico. Sendo assim, você tem mais privilégios que eu tinha, pois hoje existem fábricas de tecidos com operários trabalhando e há a possibilidade das pessoas terem mais coisas. É bom, mas é ruim, pois para minha visão madura é muito importante tudo isto, porém para imaturos e mimados, o crescimento é a escola do ensinamento materialista e egoísta.
-O que o senhor quer dizer? ... _( Gerald, com ar de desapontamento e indignado olhou para o pai )
Diante desta conversa, estava atrás da porta do quarto e ouvindo todo quietinho, ninguém mais e ninguém menos que o capeta caçula... _(Meu pai)
Edvald ouvia às conversas de todo mundo, sempre encontrava uma resposta irônica ou reAlista.
Sem muitas delongas, ao se entregar atrás da porta com risadas sapecas, ele todo vermelhinho, disse ao irmão mimadão:
- Você é muito chato... Bate na gente... tem às melhores roupas... não deixa a gente entrar no seu quarto e nem lava louça... É o preferido da mamãe... você merecia que o macaco Chico ficasse com raiva e entrasse no seu quarto... Garanto que ele ia escolher o melhor terno e não só ia usar, mas também rasgaria o resto... Você é feio, narigudo e tinha que ficar sem nenhuma roupa, assim não ia reclamar de barriga cheia. _( Mostrou a língua com uma careta para o irmão e começou à pular na cama e cima dos ternos).
-Seu demônio, saia daqui... eu vou te pegar!!! _(correndo atrás de Edvald estava Gerald todo brAvo).
Fidelis dava risadas e dizia:
-Crianças, parem com isto ou sua mãe vai ficar brava... Crianças voltem aqui... _(dando mais risadas e feliz ao ver o filho mais velho enfim, sendo um menino que esqueceu os ternos entre "aspas e corria atrás do irmão caçula, feito um índio da Juréia)... Como é bom ser criança!!!
Em 1942...
Meu avô Fidelis era amigo de Jânio, por intermédio da amizade de seus pais e quando seu amigo se casou, minha avó Maria Divina, ficou amiga da esposa dele e os convidou, para serem padrinhos de meu pai, que até o momento não havia sido batizado à espera de um tio que nunca vinha da Itália para o tal batizado. Aos 7 anos de idade e Edvald, ainda não batizado, fez a minha avó que era muito católica não esperar mais pelo irmão, qual estava há todos estes anos para retornar ao Brasil e jamais retornaria, pois havia falecido e ninguém soube. Então, mesmo sem notícias, resolveram batizá-lo com o jovem casal de amigos, Jânio e Eloá.
em 1943...
Era aniversário do meu pai, e um dia antes havia sido do seu padrinho. Jânio fazia dia 25 e Edvald dia 26 de janeiro... Afilhado e padrinho juntos à comemorar... Seu padrinho havia viajado até Itariri para ver o afilhado e lhe presenteou com um lindíssimo relógio, qual tinha ponteiros... É, tinham ponteiros, números, fazia tic-tac e era todo brilhante. Meu pai todo feliz abraçou o seu padrinho, a sua madrinha e seu sorriso ia de orelha à orelha, dando mais cor no seu rosto e realçando aqueles cabelos lindinhos e loirinho. Não demorou muito e o relógio estava todo desmontado em sua cama.
Seu irmão mais velho correu para contar ao pai, esperando assim, sacanear o irmãozinho.
Meu avô ficou muito bravo e naquela época, às crianças levavam cintadas se fizessem algo errado... Shiiiiiii... o loirinho estava em apuros!
Bom, meu pai não levou cintadas, porque seu padrinho interferiu e disse:
-Fidelis, bater em um gênio por ele ter aberto o relógio e estudando o material, é o mesmo que destruir o seu futuro promissor. Vamos dar uma chance à ele e deixe que monte outra vez, pois se tiver êxito, darei outras máquinas para estudar. _(disse Jânio Quadros).
Meu pai tinha uma caixa de madeira, onde haviam grampos de cabelo, agulhas de crochê, molas de arame e alguns outros objetos, quais usava para desmontar às coisas e fazer suas experiências.
Em seguida, ele começou à separar todas às peças e iniciou à montar o relógio...
Demorou 1 hora, mas montou tudo no seu devido lugar e o melhor, funcionava o relógio e era como se nunca estivesse sido desmontado.
Ele ganhou parabéns do seu padrinho e seu irmão, aquele fofoqueiro... Ah, ele ficou com cara de bunDÃO.
Meu pai na infância era um pimenta e ao mesmo tempo um docinho que enjoava ou azedava. Quando enjoava, ia brincar e se cansar, mas quando azedava, até apagador de louza na escola, voava das doces mãos de dedicadas professoras, todos em sua direção. Sério, até parecia que a cabeça do meu pai tinha um imã ou um chip de localização ultra moderna. Isto era fantástico, pois seria inédito para aquela década, mas os apagadores cismavam sempre no meu pai... _(o porquê, do será?! )
Naquela época, às professoras eram verdadeiras Bruxas e sempre estavam sedentas por colocar criancinhas pesTes em um caldeirão cheio de água fervendo, para arrancar às suas orelhas com unhas feitas de lâminas, arrancar os dedos um à um e sendo tudo, com os seus dentes amarelos iguais de verdadeiras serpentes com 8 cabeças e uma calda imensa para dar em chicotes no traseiro de crianças sem comportamento.
Geralmente estas crianças são cheias de saúde, quais hoje em dia, inventam problemas psicológicos e lhes enfiam calmantes com terapias imbecis. Crianças com saúde são super, hiper, mega, demais e cheios de muita energia por serem ativos de vida de muita inteligência, mas às professoras gostavam daquelas crianças com cabeças vazias, que mal sabiam falar e tinham sempre que aprender... Até hoje continuam só à piorar ou devido os pais serem aquelas crianças capetas, acharam que não deveriam os filhos educar.
Voltando na outra década...
Enquanto os capEtas, não tinham paciência e viviam à sair de suas carteiras, dando aquele desejo de lhes comer o fígado ou arremessar o apagador de louza, feito em madeira maciça, naquele que não fosse comportado ou seja, um aNjo Pestinha, os comportados eram moscas mortas e os preferidos das Bruxas opressoras.
Edvald sempre era inteligente, terminava as tarefas muito rápido e perdia a paciência com a lentidão das outras crianças. Assim, acabou sendo sócio do apagador. _(Risadas).
Meu pai foi crescendo, crescendo, crescendo... casou... separou... Ele sempre todo gatão e trabalhador.
Bom, homem é homem e não dá para elogiar muito, pois se perde aquela tão famosa essência prática que eles têm.
Passou muito tempo, ele conheceu minha mãe e sorte a dele, depois de uns filhos no primeiro casamento e um com a minha mãe ..._(Todos sem graça).
Em uma manhã maravilhosamente linda, onde pássaros cantavam, grilos saltavam sobre às flores rubras que encantaram muitos lugares, surgiu um aroma atrativo , onde abelhas buscavam o pólen, alemães fabricavam cervejas, camelos atravessavam o deserto e a luz atravessou o espelho...Então... Eu nasci!!!
Infelizmente ele achou que milagres batem mais uma vez no mesmo lugar e quis fabricar a minha irmã ... Puff ... Nasceu outra coisa sem graça. É realmente, não bate duas vezes ou não nasce. _(realidade irônica).
Este é o conto de aniversário, que fiz para o meu pai... Apesar de não falar comigo, desde a morte da minha amada mãe, eu consigo lembrar que ele existe e hoje, com câncer, doente e egoísta, está fazendo 83 anos de vida.
Desejo que sua vida neste quase infinito duplo, seja abençoada com a cura da vida, com a doçura da bondade, com a completa humildade e com a saúde do amor, pois em nenhum momento eu vou deixar de ser a sua melhor filha.
Meu pobre d'alma e burrinho pai...
Este seu egoísmo, somente impede a sua evolução...
Acorda rápido para a sua vida, qual jamais te deixou.
Aquela voz do poço, qual o meu avô no passado fechou...
Um dia te levarás, igualmente à todos aqui vivem e se vão.
Sejais tão forte e o orgulho vencerás...
Sejais tão sincero e o amor te libertarás.
Feliz aniversário e eu te amo!!!