Ele era jovem. Tinha por volta de uns 11 ou 12 anos. Gostava de estudar, brincava, sorria, chorava... Era uma criança normal. Era filho único, o orgulho dos seus pais.

Aos domingos ia à igreja. Ele sonhava ter um irmão e todos os dias, antes de dormir, orava a Deus por isso. Por se criança, os dias demoravam a se passar. Pensava que uma semana era um mês. Seus pais superreligiosos, não desses que frequentam a igreja só para cumprir status, mas porque esperavam um milagre de Deus. Eles criam nisso.

Dona Júlia, mãe de Marcelo e esposa de José, não pudera mais engravidar. Após o nascimento de Marcelo ela descobriu que tinha um câncer e que estava em estado terminal. Os médicos alegaram que ela não viria Marcelo crescer, mas ele já com seus 11 ou 12 anos, não sei ao certo.

Eles tinham tudo para amaldiçoar a Deus, mas o amava a cada dia numa intensidade admirável, era um amor puro, sincero e verdadeiro, lindo de se ver...

Mais alguns anos se passaram. E num desses domingos, que eles dedicavam a Deus, uma senhora na igreja profere palavras de salvação, cura e transformação. Em prantos aquela pequena família prostra-se ao chão e num gesto singular, começam a orar agradecendo a Deus pelas palavras proferidas.

Encharcados em lagrimas, não mais de tristeza e dor, pelo câncer que consumia o corpo de dona Júlia, mas pela cura dele, que acabara de sair de seu corpo.

No dia seguinte, foram ao medico e realmente, já não havia mais nada. Ela estava limpa. Um mês depois, para alegria de Marcelo, dona Júlia descobre que está gravida e, enfim, Marcelo terá o seu tão sonhado irmão.

Eis que chega o grande dia, Isaac nasceu. Seu José de tanta emoção, não suporta. Tem um infarto. Vai ao encontro daquele que morreu por nós: Jesus. Apesar da alegria da vinda de Isaac, dona Júlia e Marcelo lamentavam a morte desse pai que fora o pai, o amigo, o marido. O homem fiel que amava a Deus acima de tudo e todos.

Ficaram abatidos, mas esperavam em Deus, consolo. Dois meses se passaram e em uma de suas idas à igreja, agora sem José, mas com Isaac, eles pedem uma oportunidade no culto para agradecer a Deus os milagres que tem feito em suas vidas e agradecer pelo consolo que Ele tem dado pela morte de José. Todos que ali estavam ficaram muito comovidos e queriam de alguma forma ajudar aquela família, e ajudaram.

Na volta para casa, um grupo de garotos estavam jogando futebol, em um campo que fica no caminho para a casa de dona Júlia. Com Isaac nos braços e segurando Marcelo pela mão direita, dona Júlia é atacada por uma bola, que fora chutada por um daqueles jovens que ali se divertiam e caiu por cima de Isaac, esmagando-o.

Naquele momento de profunda dor, pois tinha certeza que perdera o seu filho, prostrou-se ao chão, lamentando profundamente sua enorme perda, enxugou as lágrimas, olhou para o céu e disse em silêncio:

_ O inimigo pode tentar fazer eu te amaldiçoar, Senhor, mas com tudo o que tem acontecido em minha vida, ainda assim eu te amo e te agradeço, Deus meu, pois, apesar da dor que sinto agora, sei que de ti virá o meu consolo.

Ainda em prantos, levantou-se, pegou pelos braços seu amado filho, segurou Marcelo pela mão, e as lágrimas que não paravam de escorre por sua face já não importava mais, olhou para o céu e louvou:

_ “Mais perto

Quero estar meu Deus de ti!

Ainda que seja a dor

Que me una a ti,

Sempre hei de suplicar

Mais perto quero estar,

Mais perto quero estar, meu Deus de ti!”

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 08/01/2018
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