Nus

Ela entrou em minha vida sem segundas intenções. A princípio, já mais imaginei que criaria um vínculo com alguém tão diferente e tão igual a mim. Esse paradoxo que somos, torna-nos mais próximo, mesmo que estejamos distantes.

Eu a conheci no curso de letras. Ela era aquele tipo de amiga com a qual não temos muito contato. E isso perdurou por todo o primeiro período e parte do segundo, mas por algum motivo, aproximamo-nos. Foi tudo muito rápido, posso dizer que foi um amor bastante precoce, tudo isso porque entramos nus na relação, não tínhamos segundas intenções, nem havia a preocupação de quem amaria mais, o amor cresceu gradativamente, reciprocamente.

Quando começamos a conversar, percebiamos o quão parecido éramos, somos. O que mais chamava atenção naquela criatura louca era a determinação e perseverança. Ela fazia duas graduações simultaneamente. Louca. Lembro das vezes que precisei chorar, ela foi uma figura importante naquele momento, enxugou algumas de minhas lágrimas e fazia o possível para que eu não as derramasse. Ela sofria comigo, eu sofria com ela.

Lembro daquele amor que lhe tirava o sono e a sensatez, mas quem somos nós pra julgar? Pois é, fomos amigos suficiente para aceitarmos as nossas escolhas e respeita-las.

Quando eu estava farto de meus pensamentos, decidi que o melhor a ser feito seria sair do curso, mudar o meu destino. Fiz. Não imaginei que ela ficaria tão sentida, nem que eu ficaria da mesma forma. Sofremos distantes, mas nada mudou em relação ao que sentimos, pelo contrário, parece que o amor está mais presente. Ela é, talvez, meu eu feminino. Somos de uma cumplicidade ímpar. Mesmo à distância, consultamos nossas escolhas, partilhamos de tudo, ou quase tudo que nos acontece, mas acima de tudo, amamos um ao outro.

Ela vive numa lugar distante, mas a presença é tão intensa que meus braços sentem seu toque. O meu coração pulsa o dela. Talvez sejamos um que o destino fez dois, ou dois com um coração pulsando em dois corpos. É, há amigos que, mesmo que haja distância, estão completamente presentes em nossas histórias. Somos nus, porque só sabemos amar.

Adendo: Só escrevi, porque a saudade me invade. Desde que parti, fiquei sem uma parte de mim... Lili <3

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 06/01/2018
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