O encontro com as almas
Eram duas almas que me conquistaram do início ao fim, elas sobrevoavam e assopravam no fundo dos ouvidos, fazendo-me arrepiar. Elas cantavam nas noites mais solitárias e me causavam a paz que contrastava com minha energia perturbadora que me atormentava durante o dia. Eu subia aos céus com ela, e voltava só ao amanhecer, num mergulho que eu dava em meu corpo, para voltar à vida dos humanos mortais.
O amanhecer era o fim do que mais lindo havia dentro de mim, era o esfacelamento do amor, a destruição do ardor e a trituração da paixão. Voltara a vida, com o desânimo de um homem que perdera teus pais. Lembrava-me com frequência da necessidade de esquecer de quem era só alma e não mais abraços, carinhos, beijos e toques.
Após a melancólica luta com meus pensamentos, o sono vai me dominando lentamente, fazendo pesar minhas pálpebras e me aproximando das almas. E então, em mais uma noite, eu viajava para longe do meu corpo, para o mundo das almas. Sentia a proteção de um pai e de uma mãe, que um dia ensinaram-me a andar e agora me ensinam a voar.