A CURA DE BAOBÁ
Tudo se move, nada está parado é o relógio
O cio, o intervalo, a mente, o ócio
Tudo se move pedras e montanhas
Ao que tudo vive e sinaliza
Nada está parado tudo viraliza
Nada se cristaliza tudo se dissolve...
E o tempo sempre tão preciso e precioso
que o que mais precisamos nesta vida
é dele, nosso ouro verdadeiro...
Um mestre perguntou a outro:
Porque? Porque? Porque há que haver tanto porque?
Se morrer ainda continua sendo o maior de todo porque!?
E uma pessoa ouvindo isso perguntou ao mestre.
-Mestre meu pai está morrendo! Se queixa de dores
O tempo todo. O que devo fazer????
E o mestre olhando com cumplicidade e compassivo seu amigo rapaz
Retrucou coçando sua barba bipartida e ladeando perguntou : -O que tem seu pai?
-Meu pai tem câncer terminal, mestre, nos ossos dizem os médicos. E continuou
-O que devo fazer mestre perguntou com uma ruga na testa? E o mestre pensou. Refletiu como uma gaivota levada pelo vento da tarde.
-Seu pai está com a mente entrevada e passou isso para os galhos
de seus ossos. É preciso agir com fluidez meu filho se quiser salva-lo.
-Sim mestre como o faremos? Atinou ansioso o filho!
Observai mais a natureza filho. Pois o imponderável está em tudo.
Sim!!! respondeu o incrédulo rapaz. –mais como devo agir? Perguntou,
sem no entanto estrondear sua ansiedade quase dilacerante.
-Vá atrás de uma árvore cujas cascas curarão seu pai.
-E quais seriam mestre. O mestre suturou a pergunta.
É uma árvore chamada Baobá difícil de achar, mais existente ainda.
-Vá. Não perca tempo. E o rapaz foi-se a correr indômito atrás dela...
Passado dias, o rapaz voltou e disse ao mestre que não a tinha encontrado. Nenhuma árvore com as características que ele havia falado, aqui nem alhures. Em parte alguma. E havia ainda, prosseguira agitado, colocado restos dos seus familiares a sua procura e inutilmente tudo em vão... O mestre calmamente e admirando sua firmeza incólume continuou.
-Como está seu pai? Perguntara!.
-Mais debilitado ainda mestre, nem anda mais. Está entrevado na cama mestre. Como uma salamandra sem pernas.
-Sim lhe farei uma visita. Falou pausadamente o mestre.
Quando foi no dia seguinte. Cedo o mestre bateu a porta do rapaz.
-Bom dia filho. Mestre – o senhor por aqui, fico feliz e muito grato pela sua ilustre visita. -Entre. Atinou ainda aparvalhado o rapaz.
Onde está seu pai? Perguntou o mestre. E o rapaz ainda aflito e meio que sem jeito com a presença do mestre.
Sentenciou. –Junto daquela árvore no quintal, ele pediu pra sentar lá e descansar um pouco.
O levamos com a ajuda de uma maca e de dois criados amigos e o colocamos lá...
Levamos ainda há pouco para lá mestre. E o coloquei junto à sombra para pegar um afresco.
O mestre observando tudo chegou até o pai do rapaz todo entrevado. E o velho se segurando na cadeira, nervoso, mais ainda em tom tranquilo. Falou baixinho. -Bom dia mestre? O mesmo já não posso dizer de mim. Falou como quem perdeu a esperança de dias melhores.
E o mestre consentiu com um aceno de cabeça. –Suas feridas internas estarão curadas dentro em breve falou para o velho enfermo que acenou positivamente. E o rapaz ouvindo tudo e quase não acreditando nas palavras que escutara, perguntou para o mestre. –O senhor então conseguiu a casca de Baobá?
E o mestre lhes disse que seu pai estava assentado à sombra dela.
E o rapaz meio que tonto e não acreditando perguntou ao mestre em tom estático?
-É esta árvore que andei procurando este tempo todo e que estava aqui em casa.
E o mestre resoluto dissera que sim.
E então mandou o rapaz fazer a casca da árvore em decocção para seu pai. (Tique-taque, tique-taque, tique-taque....)
Dentro de duas semanas o pai se regenerou por completo. Verdadeiro milagre.
E o rapaz correu para agradecer o mestre com um toque meio tremulo nas mãos.
E perguntou. –mestre, como eu e todos aqui, desde que nascemos nunca percebemos esta árvore? Que fica no meio de outras tantas iguais a ela, mais que esta salvou meu pai e não as demais parecidas com ela?
-Filho, falou o mestre. –Ás vezes os peixes perguntam pela água quando estão dentro dela
Os homens perguntam pelo ar quando já os possuem, as estrelas perguntam pela luz quando já iluminam. E as vezes perguntamos tanto por Deus quando ele está dentro de nós.
Muitos acreditam em anjos e falam com as pessoas e elas não as escutam, pois, muitas destas pessoas são anjos que falam pela língua deles.
E o mestre terminou num largo riso dizendo. –Filho, ÀS VEZES TENTAMOS CONSEGUIR AQUILO QUE JÁ TEMOS. E o rapaz beijando a mão do mestre, em veloz despedida, foi correndo para casa agradecer a
grande árvore chamada BAOBÁ.