Era meio-dia e a caatinga reluzia sob a incandescência do astro rei. A minúscula lagarta de fogo rastejava lentamente sobre a seca vegetação, repleta de pedras, rochas e gravetos, buscava o sombreamento debaixo da macambira.

Estavam Duquinha e Coruja caçando peba quando avistaram, dentro de um bolo de macambira, debaixo do cachacobri espécie de “planta espinhosa” nativa do bioma caatinga, uma jibóia. Estava toda caracolada, mas era imensa.

--- Veja coruja, é uma cobra e das grandes viu.

Coruja, armado com um pedaço de madeira seguiu em direção a cachacobri e desentocou a jibóia.

--- Pega ela por ai, duquinha. --- gritou coruja.

Daí em diante foram pauladas sucessivamente na enorme cobra. A jibóia se contorcia emitindo um shium, que mais perecia mugido. Pula daqui, paulada dali, e coruja com o auxilio do duquinha, abateu a jibóia.

--- Eita bicha grande em duquinha? Vamos medir?

Estiraram a cobra na relva seca da caatinga e mediram. Tinha exatamente treze palmos, e olha que a mão do coruja é grande.

--- Vamos tirar o couro?--- sugeriu duquinha.

--- Borá lá. --- concordou coruja.

Em seguida começaram a esfolar o réptil. Arrancaram a pele da jibóia como se tira uma casca de banana, tamanha habilidade do coruja. Homem sertanejo acostumado a esfolar bode, ovelha, e boi. Não teve nenhuma dificuldade em extrair da magnífica serpente o seu couro cintilante.
 
Ao final do dia, os dois caçadores retornaram para casa, sem o referido peba, é bem verdade. Mas tinha nas mãos a magnânima pele de uma enorme jibóia. O troféu dos imbatíveis caçadores predadores do raso da Catarina.
Marcos Antônio Lima
Enviado por Marcos Antônio Lima em 27/12/2017
Reeditado em 27/12/2017
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