Visões de Espantalho
Capítulo 4 – Uma Noite Sem Lembraças
2016
Capítulo 4 – Uma Noite Sem Lembraças
2016
Kollen deixara um grande buraco no peito de Steve. Peter e Olívia tentavam lhe consolar, mas, suas angústias foram afundadas em noites de bebedeira. A realidade sumindo aos poucos, de seus olhos.
Jenny servia a última dose de whisky daquela noite, o corpo dele pouco se sustentava naquele banco, os braços apoiados no balcão enquanto sua mente ficava cada vez mais deturpada pelo álcool, finalmente parecia sóbria para tudo que sentia. Restava apenas os dois ali, e um jovem a duas cadeiras, talvez tão ludibriado quanto.
– Ei, gata, me serve mais uma? A gente podia sair mais tarde, não acha? – Falou o barbudo que fedia a álcool e choro.
– Cara, ela é minha, você deveria ir embora. – Steve respondeu em meio aos olhares reprovativos de Jenny.
– Ah, sim. Desculpe, eu só queria uma companhia. – O equilíbrio se rompeu e ele caiu a um metro de Steve.
– Pensei que as cervejas estavam realizando esse desejo. – Ele esticou o braço e o ajudou a se levantar.
– Eu, não entendo, o que fiz para que as pessoas fossem assim? – Ele tentou começar um discurso.
– Vazias?
– Sim.
– Existem três tipos de pessoa, as que comandam e impõem as regras a serem seguidas, as que pensam, mas não agem, e a grande maioria do mundo, os manipuláveis. No começo, todos somos iguais, o que muda isso, é com o que aprendemos. Me desculpe, mas qual é o seu nome? – Perguntou Steve.
– Flint, Noah Flint. E o seu?
– Steve William Martin. Mas, isso não é importante agora.
– Bem, acho que nenhum de nós lembrará disso amanhã.
– Provavelmente.
– Eu irei. – Interrompeu Jenny.
– Tem certeza que não quer sair? – A pergunta de Noah encontrou o olhar fulminante de Steve.
– Vá embora! – Gritou ele.
– Tudo bem.
– Não! Digo, vá embora de Nova York, se as coisas estão ruins aqui, deveria tentar viver em outro lugar.
– Mas, eu não tenho para onde ir.
– Ninguém tem, somos espíritos perdidos em uma terra desolada. Existe alguma cidade que admire?
– Morristown. – Aquele nome refletiu algumas viagens a Steve, quando precisava tomar conta de sua prima insuportável ainda criança.
– Nossa, eu realmente não entendo o que há de bonito lá, mas, está feito. Vá para Morristown!
– Como? – O olhar perdido de Noah enfurecia Steve.
– Pegue. – Ele retirou trezentos dólares do bolso. – Você vai conseguir chegar e dormir algumas noites em alguma pousada, depois, é por sua conta.
– Estou sonhando, não é? – A pergunta fora respondida com um soco, que o deixou desacordado no chão.
– O que você fez? – Jenny correu até Noah.
– Relaxe, ele vai dormir por um bom tempo, seria bom, deixar uma garrafa de água ao lado dele.
– Você é uma pessoa muito estranha, Steve.
– Obrigado. Ah, lembre-o sobre Morristown amanhã, está bem? Boa noite. – Ele foi embora, cambaleando a cada três passos.