As Suas Melhores Lembranças
Como tudo o que existe, você está cercado de uma imensa rede de experiências alheias. Você mesmo empresta as suas experiências a outras consciências. Sejam elas mais amplas que a sua, ou menos amplas. A impressão que resta a você, a sensação que é traduzida para a sua pessoa toma a ilusão de um universo físico espacial e temporal. Para observar mais de perto essas sensações e experiências, você precisa focar com especial intensidade nessa categoria de eventos, esse foco, você chama de personalidade. A personalidade, nesse espaço pessoal de tempo e espaço, você chama de ego. Ego é o que a sua personalidade pensa ser, os efeitos e as sensações que moldaram a sua experiência particular naquele intervalo de tempo que você chamou de vida. Então, você acha que você são apenas aquelas sensações experimentadas no intervalo entre a sua vida atual e a sua morte.
No entanto, o você verdadeiro é mais do que isso. O você verdadeiro é a união de todas as suas personalidades, aquelas que essa personalidade atual esqueceu, se ela não tivesse esquecido, como ela poderia ser uma nova personalidade? Mas, não falamos apenas de personalidades passadas. Falamos também de futuras e personalidades em suspensão. Porque o tempo, não existe.
Personalidades em suspensão são aquelas partes do "você" atual que você não quis "atualizar". Não quis transformar em experiências válidas em sua percepção diária, embora elas tenham sim ocorrido. Tudo ocorre. A alma experiencia todas as possibilidades, todas as probabilidades e todas as sensações. Você seguiu todos os caminhos possíveis em sua realidade! Aquele que o seu Eu atual quis contabilizar para ele é quem faz de você quem você é para você. Visto de outro angulo, você fez e faz tudo. Lembra quando subiu naquela pedra sobre aquele lago e desistiu de pular por achar muito alto? Do meu ponto de vista você pulou. Não apenas pulou, mas pulou infinitas vezes, e em cada uma delas a sua realidade fora mudada. Houve a vez em que seu mergulho fora perfeito, e arrancou aplausos de seus colegas. Houve a vez em que morreu na queda. Houve a que ficou paralítico. Entre tantos outros acontecimentos... Mas você só pôde e quis tomar conhecimento de uma experiência, aquela que interiormente achou melhor para a sua função temporal experimental. Então, não se vanglorie por ser bonito. Em outra perspectiva dessa sua mesma realidade, você é feio. Assim como você pode atualizar a experiência da riqueza, mas em outra ocasião, experimentará a pobreza.
O que faz de você ser realmente você? A forma como reage a cada uma dessas experiências.
Em sua realidade atual, aquela que experimenta agora e compartilha com a totalidade de seus semelhantes, o seu país é pobre. Mas, há uma outra realidade, onde também você vive, onde o seu país é muito próspero. Quem é o você verdadeiro? Você é a sua atuação em cada um desses ambientes, e a forma como reagiu a eles, não se deixando adulterar ou se influenciar pelo ambiente criado por sua mente. Esse é o você para mim. Por isso você é a união de suas personalidades, e a sua experiência tomada delas. De cada uma delas, a um nível passado e futuro, e de todas as probabilidades, conhecidas e atualizadas por vocês, quer saibam disso, ou não.
De que vale a sua existência de alguns poucos anos, mesmo cem ou duzentos anos são insignificantes frente a um universo pessoal que segue frente a eternidade. O que de fato interessa é o que transcende esse tempo, o que perpassa incólume a cada experiência, porque o que fica é a alma, e a alma são as suas reações à cada uma de suas experiências autoinfligidas. E esse é o verdadeiro conceito de alma: o que permanece aquém do tempo e do espaço.
O tempo para vocês são as sequência dos anos. Para nós são as lembranças de nossos atos, de Todos eles, passados, presentes, futuros, e os em suspensão, em seus termos. Você então percebe um pouco do que vem a ser a eternidade, que é o ciclo interminável de nossas lembranças, intermináveis, pois as probabilidades são infinitas.
Então, você se pergunta, diante disso tudo, o que vale o bem e o mal? Ambos, são conceitos criados por vocês. Mas há uma pequena observação a ser feita, de que você não destrói aquilo que não pode criar. Você não desvirtua o que deve respeitar, e não estraga o que não pode concertar. A sua responsabilidade para com outras consciências, principalmente as menores que a sua, é a força que move e dá vida ao que você chama de universo. E a responsabilidade de seus atos é sua e para você voltará. Isso não são leis, são apenas fatos e consequências. A consciência mais aprimorada tende para o belo, para o perfeito e para o organizado. E o mal não foi criado, assim como o bem também não. Eles são consequências. Aquilo que você chama de mal é só a sua ignorância. Muitos de vocês pensam que a chuva é um grande mal. Os terremotos, os tufões. Mas isso é um efeito duplo de suas ignorâncias. O primeiro efeito é porque vocês conhecem antecipadamente o efeito potencialmente danoso, mas não o evitam, ou tomam medidas apenas paliativas para o evitar. O segundo efeito é o fato de esquecerem-se que as chuvas, os tufões e os terremotos estão ai na sua Terra muito antes de vocês existirem como espécie humana, e que é graça a esses efeitos que a sua Terra foi moldada, foi lhe dado rios e lagos, as suas montanhas ganharam formas e uma imensa energia é dada a vocês. Então, o mal é o efeito de uma visão apenas muito rasa e pequena das coisas. Porque de muitas maneiras, os tufões e os terremotos, assim como as tempestades são manifestações de vocês mesmos, da almas que compartilham a experiência terrena, pois que nada existe fora da consciência, nem mesmo a mais alta montanha.
Do meu ponto de vista eu não vejo o Everest. Na verdade, devo ser sincero, ele não existe. Vocês o compartilham daí, como experiência comum de consciência. O reino e universo que vocês compartilham, por mais infinito que possam conceber, não existe para Nós. E o meu, bem o sei, não existe também. Não como espaço e tempo, e materiais que por ventura possam ser detectados por algum instrumento, ou experimentado por uma consciência estrangeira ao nosso modo de pensar e ver o Nosso mundo. Por que, veja bem, ele é Nosso. Assim como os eu é seu...
Você acha isso difícil porque desde cedo aprendeu a ver o mundo como uma coleção de informações de tempo e espaço. É apenas mais uma interpretação. Os seus sentidos físicos te ajudam nisso, e devo frisar, eles são bem competentes para te enganar.
Como dito, somos consciências nos influenciando com informações múltiplas, e podemos traduzir essas informações de formas múltiplas também. Vai do gosto do freguês, como costuma dizer.
Vivi tantas vezes a existência física. Vivi em todo tipo de lugar diferente, experimentei todas as paisagens, todos os mundos possíveis. Que, posso dizer de uma forma que pode entender, que me "cansei" dessa sensação, tendo experienciado todas as possíveis. Então agora estou interessado em outras paisagens, outras sensações, e é essa a nossa diferença. Você ainda se encanta com o que vive. Eu quero agora me encantar com outras coisas. Mas entenda bem, nada está perdido, eu ainda vivo e experiencio todas as minhas melhores experiências, apenas agora abro novos caminhos e crio por mim mesmo os meus próprios universos. Espero que isso dê a você um pequeno vislumbre do que a consciência pode experimentar, que lhe dê uma pequena demonstração do verdadeiro conceito de liberdade e plenitude que alguns lhes tiraram, e de que porque vale a pena viver a sua vida com leveza, espontaneidade e honra. Porque, veja que interessante, embora o tempo não exista, você vai ser futuramente as suas melhores lembranças.