O Menino das Horas
Eduardo Henrique era seu nome,tinha entre quatorze ou quinze anos, olhos negros e bem espertos. Era também muito curioso e na escola, muitas vezes ,era chamado de " o cara do dicionário",porque quase tudo ele procurava resposta. Até a sua professora o chamava assim e ele ficava orgulhoso desse apelido.
O futebol era uma das suas paixões e fazer gol, uma característica. Os amigos,levava no coração.
Às vezes,Eduardo era um garoto impertinente.Ficava perguntando a todo momento as horas. Mandavam comprar um relógio e ele desconversava ou saía com um sorrisinho de canto. Escondia sua situação precária.Poucos sabiam disso.E também até ele não sabia que tinha mais uma coisa lhe importunando: perguntar as horas.
Esse vício de perguntar as horas não era só ansiedade.Já estava um tique-tique nervoso.
Eduardo Henrique sofria de ansiedade e de TOC, transtorno obsessivo compulsivo. Não muito comum em adolescentes.Nem ele sabia disso. Alguns professores nem davam mais tanta importância.
Então, " o cara do dicionário", que pegava mais de uma maçã ou banana na merenda, tão cedo não saberá que é diferente dos colegas e amigos em algumas características,só pelo fato da sua condição humilde ,da ignorância familiar e da demora no atendimento de saúde. Ficaremos apenas com aqueles olhos negros e espertos,por enquanto.