Suicídio

"O ar parou de percorrer o seu corpo, a alma então se desprendeu..."

Aquele jovem cheio de vida e com um futuro promissor estava cercado de dúvidas nas quais o fazia ir para um penhasco. No começo eram apenas algumas "neuras", mas ao decorrer de sua agora depressão, as coisas haviam se tornado muito difíceis.

Os pais e amigos não sabiam como lhe dar com essa "frescura". Assim diziam pessoas que não entendiam nada sobre esse assunto.

A depressão é demasiadamente discreta e mortal, nem todos que estão a volta do depressivo, notam.

O jovem vivia em seu mundinho sem cor, evitava amizades e sempre se mantinha trancafiado em seu quarto obscuro.

O seu quarto enegrecido fazia de seu simples cômodo imagem semelhança do que habitava dentro de sua alma.

O silêncio pronunciava o desalento, seu sorriso forçado não era notável, sua tristura não era perceptível, a voz do rapaz não ecoava mais...

Sentado em sua mesa rústica, Lucas, escrevia uma carta para os pais e para a Érica, sua única amiga.

Eram por volta de meio dia de uma segunda-feira, os pais como de praxe estavam trabalhando.

Seu pensamento atordoado o levava para o âmago de seu coração que vertia lágrimas, um sofrimento que infiltrava a alma. Não voltaria atrás.

Durante 3 meses ele arquitetou como seria o "descanso", esse era o nome que ele denominou para o seu autocídio...

Alguns quilômetro dali, no exato momento, a sua amiga que o amava muito, escrevia também uma carta.

As palavras eram lindas cheias de afabilidade, toques de amor eram agregadas as letras. A garota era a única que conseguia entender e manter contato com Lucas.

Já no fim de sua carta, Lucas olhou para a janela onde dava vista para um morro em que tinha apenas uma árvore no topo, a árvore sacodia com um vendaval que começara. As folhas se desprendiam, Lucas só queria ser igual aquelas folhas. No quarto da Érica, o vento também se achegara, mas levando para ela um cheiro que efluia o fim, sentiu aquele aroma de morte impregnar tudo, nessa hora caiu em prantos e rapidamente pegou o telefone ligando desesperadamente para Lucas, ela sabia o que estava prestes a acontecer.

Na janela, o rapaz fitava o nada, ria e chorava muito, infelizmente não estava sã, pensamentos vagos remetia a sua infância, foi para a adolescência...

O telefone tocou algumas vezes, ele apenas ignorou...

Suas mãos tremiam e com o copo na mão direita e com dezenas de remédios na esquerda, Lucas deu continuidade ao seu plano de "descanso", tomou goles e engoliu um a um, ingerindo todos aqueles comprimidos...

Os olhos cerravam, uma tontura súbita o fez desabar ao chão, não conseguindo se mover, o pobre rapaz olhando para a janela viu pássaros passarem, a boca secou rapidamente, já não sentia o coração bater com tanta força, ora fechava os olhos, ora olhava para a janela, esperando ver mais alguma coisa. Um cheiro putrefacto subiu. A dor rasgava seu estômago e coração. Estava chegando a hora..

Passaram cerca de 45 minutos e Érica adentrou no quarto chorando muito e desabando ao lado dele, gritando, pedindo socorro, chamando o amigo pelo nome...

O ar parou de percorrer o seu corpo, a alma então se desprendeu...

Érica nada pôde fazer nada, apesar de que fora uma ótima amiga, a única no caso...

Felippe Lacerda
Enviado por Felippe Lacerda em 12/12/2017
Reeditado em 12/12/2017
Código do texto: T6197400
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.