CORAÇÃO DELATOR
CORAÇÃO DELATOR
- Edu....
- Não, mulher... Já falei para não me chamar pelo nome. A linha pode estar grampeada.
- Tá, coração.
- Você conseguiu fazer o que te pedi?
- O quê era mesmo?
- Apagar aquilo.
- Ah, aquela pasta do seu computador? Escrito... deixa eu ver... “pr0p1n4s”
- É...essa mesmo...fez?
- Pedi para o seu sobrinho fazer... Você sabe que só sei mexer em computador para comprar coisas com o cartão corp...
- Tá, tá... Ele fez, então?
- Sim. E disse que você é muito nube, nubi, sei lá... Qualquer um saberia o que tem naquela pasta só de ler o nome.
- Não interessa. Vão buscar essa máquina hoje. Aproveita e apaga o histórico do Internet Explorer. Eu tenho uma reputação com o pessoal da igreja e também não pode vazar.
- Tá, coração. O Porsche vai ficar ou eles pegam? Eu tinha que dar uma saidinha... Aproveitar os últimos momentos com meu amor.
- Eu já estou em cana, querida.
- Falava do Porsche.
- Ah...
- Não fica assim, querido...
- Vai, sai... Aproveita e leva aquela caixa de papelão, cheia de impressos, perto da máquina. Some com ela... joga em algum rio ou algo assim.
- Tá bem, coração. Você não tem nada a temer.
- Eu disse sem citar nomes... sem citar nomes...