Saindo de si
Em passos curtos, andava vagarosamente sob tacos de madeira envelhecidos, um som irritante entoava por entre a sala de estar.
A poeira encobria a beleza que um dia fez parte daquele cômodo, as teias de aranha de um lado ao outro davam um ar macróbio, o odor vetusto saturava, dando ânsia de vômito.
Eu só queria escapar daquilo tudo, continuei e passei por portas trancadas de recordações, as melancolias saiam por baixo delas, emanavam tristeza. Atordoado, socava as paredes com murros de revolta e dor, cheguei a torcer o pulso de tanta pancada. Isso era apenas um diminuto do que arranhava meu coração, era inevitável transpor os sentimentos...
Era hora de bater em retirada, pois sensações fantasmagóricas permeavam a minha alma, fui em direção a saída, senti mãos sem vida me tocarem, puxando, me segurando... fechei os olhos e sem pensar me soltei do monstro do passado e finalmente sai da casa, aquela na qual me impelia ao obsoleto...