DO ENCONTRO IV

Jack retorna com os dois copos cheios de whisky. Desta vez não considerou a medita exata de uma única dose, preferiu poupar caminhadas até o bar para completar ambos os copos, decidiu enchê-los até próximo a borda. Jack apreciava os bons momentos da vida. Os seus pensamentos tardavam qualquer iniciativa brusca, preferia degustar as preliminares como se estivesse degustando sua bebida. Todos a sua volta com o passar do tempo acabavam cansando diante seu rigoroso método que sempre envolve a bebida antes de tudo. Mas para um primeiro encontro seu vício pelo gole não conotava desperdício de tempo. Contemplava uma insensatez necessária.

--- A propósito que atividades desenvolve em campus universitário? --- Gabriela recebe seu copo, encara-o de maneira estranha desta vez, seu olhar parece perder-se em meio a dose exagerada. Busca pela face de Jack, mas ao invés de identificá-lo enquanto o moço desconhecido que havia acabado de conhecer em bar próximo a universidade, enxerga apenas uma face disforme. Percebe estar perdendo os sentidos, apoia seus braço ao ombro de Jack, repousa copo sobre a mesa de centro aveludada em tecido vermelho.

--- Eu sou professora --- Jack analisa cada movimento seu sem se deixar abater.

Pela manhã Gabriela é encontrada morta em sofá de sua residência pela camareira que mantinha as chaves do chalé. Em desespero a mulher aciona polícia do módulo local. Maria era empregada doméstica desde os seus doze anos de idade, havia se divorciado recentemente, mãe de cinco filhos e acabara de perder o emprego em função da morte de Gabriela. A cena do crime logo é toda isolada pelos peritos da criminalística, mantendo a empregada doméstica como principal suspeita do crime. Maria possuía fama de macumbeira na região, ela frequentava um terreiro de umbanda o que a deixava em desvantagem em seu interrogatório. Minutos antes de Gabriela esvair de seu corpo Jack finaliza.

--- Seu pior erro Gabriela foi acreditar que eu nunca te reencontraria. Todos podem fugir de mim, mas ninguém consegue se esconder de Jack.

O laudo médico concluiu que Gabriela havia sofrido um infarto fulminante. Os peritos nunca suspeitaram que houve naquela noite qualquer outra pessoa em sua casa. Ao lado do corpo as fotos do seu inquérito mostravam uma garrafa de whisky vazia, um copo cheio de bebida, duas carteiras de cigarros sem qualquer outro pertence alheio a residência de Gabriela. O parecer do laudo concluiu que mais um professor foi assassinado pelo desgosto de sua ilusão acadêmica. Jack confundia-se a mera alucinação embora soubesse que até mesmo o imaginário é real.

Jack Solares
Enviado por Jack Solares em 28/11/2017
Reeditado em 30/11/2017
Código do texto: T6184517
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