O avô e o neto

— Vovô, por que as pessoas morrem? — Perguntou Elielton, deitado sobre o regaço de seu Josafá, pegava-lhe as suas mãos engelhadas e lhe acariciava o rosto enrugado. O avô olhou para o neto e deu um meio sorriso. Disse:

— Por que as pessoas vivem? — Ao dizer isso, levantou o olhar e contemplou a imensidão da planície que se estendia até onde a vista alcançava. Ambos estavam debaixo de uma árvore encima de um monte. O menino virou o rosto para onde estava o olhar de seu avô.

— O senhor é tão mais velho que eu e ainda não sabe disso?

— Não, você sabe?

— Não, né, vô, ainda sou criança, mas quando tiver a sua idade saberei... mas primeiro responda a minha pergunta.

— Para que eu posso responder a tua pergunta, primeiro terei que descobrir a resposta da minha.

O silêncio os precedeu. O avô se deliciava com os carinhos do neto e retribuía com cafunés, até que o menino adormeceu sem que o avô percebesse. Pensando que ainda o ouvia, disse:

— Quando somos moços temos o mundo para descobrir, mas a vida vai nos afunilando, as certezas viram dúvidas...— interrompeu a fala quando se deu conta que dialogava com o vento que passava de forma ininterrupta.