Mini-conto: No outro lado do balcão
"Não enche", foi a primeira frase dita quando chegou ao bar. Os olhos do balconista quase saíram do encaixe. Fechou o punho direito com truculência e por mais que a voz viesse do outro lado, em si apenas o eco "Não enche... ench... ". Calou-se mordendo os lábios e as unhas encravadas na carne da mão direita. Sentiu o gosto de sangue por detrás das orelhas. Voltou para a realidade pelo grito do pedido: gim martine duplo... Afastou-se, pegou copo, cuspiu uma escarrada puxada de dentro do peito e despejou a bebida com toda ira. Sorriu quando viu sua revolta descendo goela abaixo. Acendeu um cigarro e mergulho no prazer de sentir-se vingado.