UM CORREDOR E SUAS PORTAS
Existe um corredor com várias portas
Em cada porta uma sala, uma espera
Existe o tremor de abrir a outra porta
Para desvendar o mistério.
Duas janelas na sala
Com os vidros embaçados
O desespero é tanto em saber o que
Está após a porta, ninguém desembaça
Os vidros para saber o que tem lá fora.
Em uma janela é noite, em outra é dia
O galo canta na noite, a coruja pia no dia
Alguém está pedindo socorro lá fora...
Mas na janela ninguém olha.
Não desembaçaram os vidros
Ignoraram o pedido de socorro
Ele estará vindo do dia ou da noite
Existe uma forte ventania
Querendo romper aquela porta.
Escutam-se três badaladas de um sino
Será meia-noite, ou meio-dia?
O vento rompe a porta
Mostrando-lhes um grande rio.
Existe um mensageiro passando-lhes
Uma ordem, terão que procurar um barco
Na noite, no dia estará o remo.
Para descer o rio, não podem remar a noite
Terão que trazer o barco antes que o dia termine
Será que dará tempo?
Grande é a boca da noite, pesada a barra do dia
Quem é aquele do outro lado da margem...
Chamando-lhes para que atravessem o rio a nado
Se o grande rio está cheio de piranhas!
Onde os levarão a descida desse rio
Encontrarão esse barco na noite?
Em que período estão?
No do dia ou da noite?
Ou são só imagens geradas
Do psíquico inconsciente
Ou são enganos no esfera do mental
Para além do da consciência?
Refletidas em duas de suas janelas.
Ao corredor poderiam ter escolhido
Outras portas ou nenhuma
Ficaram com suas dúvidas
Mas quem nos garante
Que entraram na sala errada?