Uma vida transformada
A vida de um rapaz retratada em uma infância cruel e seu encontro íntimo com Deus...
Pedro, não era uma pessoa ruim, embora, muitos julgavam-o pelo fato dele ser introvertido e nunca sorrir. Na infância, ele descascava a alegria e jogava fora toda a oportunidade de se enturmar com seus primos e colegas da escola.
Uma certa ocasião chamou a atenção de seus pais, o menino foi pego falando sozinho com um "amigo imaginário". Pedro tinha apenas 4 anos de idade. Seus pais acharam estranho, contudo, perguntaram a um parente que era especialista que dissera ser totalmente normal nessa fase.
O único amigo que ele tinha era o Matias, esse ser que vinha da imaginação ou sabe lá de onde.
Pedro cresceu em um ambiente onde não havia respeito, seu pai agredia sua preciosa mãe desde que ele se entendia por gente. Propício à cenas grotescas de um algoz adulto que enchia os cornos todo santo dia, Pedro, em seu interior arquitetava o assassinato de seu desgraçado pai e Matias, seu assíduo amigo colocava cada vez mais lenha na fogueira.
Quando fez seus 14 anos, seu corpo se desenvolvera, ficando da mesma altura de seu velho pai, que agora já não era mais o mesmo devido ao exarcebado consumo de álcool.
Uma certa ocasião, voltando de seu martírio que era o colégio, o rapaz viu seu pai prestes a agredir sua adorável mãe, a voz em sua cabeça falava para pegar a faca no faqueiro em cima da mesa, palavras de ódio brotaram em sua mente e quando ele se aproximou da cozinha, sua nobre mãe, adivinhando o pensamento do filho e disse:
-Filho, nós só estamos conversando, não precisa se preocupar.
Pedro olhou com olhos de sangue no fundo dos caidos olhos do bêbado de seu pai e dando de ombros saiu bufando de ódio para a rua.
Ele morava em uma cidadezinha do interior do Rio de Janeiro, lá habitavam cerca de 10.000 pessoas, todos praticamente se conheciam, a não ser o antissocial.
Andou em direção ao monte perto de casa, onde tinham velhas cabanas e árvores sem folhas, que davam aspecto de filme de terror.
Entrou em uma cabana acromática e lá ficou. Por horas abraçados em suas pernas, ele se perguntava o por que de sua mãe ser passiva àquilo.
Depois de um longo questionamento que não o levou a nada, Pedro se levantou e da janela rústica da arcaica cabana, olhou para o céu, entardecia, e um colorido enfeitava aquele dia chato.
Pela primeira vez algo em sua volta havia deixado-o calmo, não sabia ao certo o que era, mas olhar para o alto lhe deu um conforto que não conseguia explicar.
Algumas horas se passaram e o negrume assumira o belo retrato que outrora deslumbrou o rapaz, agora a escuridão levava novamente para uma poça de revolta e dor, remetendo também às vezes que era agredido pelo seu conturbado pai.
Quando voltou para sua casa, depois de horas, sua mãe o aguardava dormindo no sofá, Pedro gentilmente acordou a mãe dando um beijo em sua testa.
Na manhã seguinte Pedro se arrumou para o colégio que ficava há duas quadras dali, passando pelo quarto da mãe, viu que ela dava assistência ao pai, que na noite anterior arrebentara a cabeça caindo no box do banheiro. O pubescente jovem se intrigava com gestos assim e a voz que não tinha mais nome o perturbava, colocando sempre mais dúvidas e ressentimento em sua alma.
Chegando na escola, ele pisou com um pé dentro e voltando para fora, olhou o céu como quem busca respostas.
Ele não tinha uma vida de comunhão com Deus, mal sabia quem era Jesus e por descrença de seu pai que chamava Deus de carrasco, ele era incrédulo. Algo estava mudando isso, ele passou constantemente a olhar para o céu.
A voz passou a infernizar mais ainda sua cabeça, antes controlável, agora, ele se contorcia de agonia em certas horas do dia.
Em uma sexta-feira no último tempo da aula de filosofia, Pedro surtara, caindo ao chão e começando a se tremer, o professor Alberto o pegou no chão e com palavras firmes fez uma oração, fazendo-o se tranquilizar.
Os poucos alunos que estavam na sala foram embora, ficando apenas o professor e o jovem.
Alberto disse muita coisa ao garoto e o mesmo abriu o jogo para seu professor, ali estava nascendo uma amizade ou melhor dizendo, um laço paterno, onde Pedro jamais experimentou...