Mortes Necessárias
Dentro de um salão um ex-lojista vindo do interior do Missouri participa de uma reunião com os militares mais graduados dos Estados Unidos da América e com o próprio presidente: Franklin Delano Roosevelt.
-Bem, senhores, diante dos fatos apresentados, nos restam apenas tomar uma séria decisão.
O presidente se referia as informações interceptadas pelos serviços de inteligência, de que o Japão planejava bombardear a base aérea de Pearl Harbor. Um General se exaltou.
-Mas, como assim! Não tem nada a ser decidido! O ataque a uma base americana deve ser impedido!
-Não necessariamente, esse ataque pode ser justamente o pretexto de que precisávamos para entrar na guerra. Intercedeu um General de Exército.
-Isso é um absurdo! Você não espera que os membros desse comitê aprovem uma proposta dessas!?
-Eu pessoalmente concordo com o General de Exército.
Era o presidente falando.
-Mas senhor... O general começara a falar, mas foi interrompido pelo chefe de estado. O ex-lojista ouvia com atenção.
-O congresso não quer aprovar a entrada do país na guerra na Europa, no entanto um ataque ao solo americano vai fazer com que alguns senadores mudem de ideia, e também colocará a opinião pública do nosso lado.
O General então disse:
-Mas, ao invés de deixar o ataque ocorrer, porque simplesmente não divulgamos essa informação ao público? Se eles souberem que o Japão planeja o ataque, isso já será o suficiente para que o povo apóie uma guerra contra os japoneses e seus aliados europeus!
-Talvez, no entanto uma imagem é mais poderosa do que qualquer outro tipo de informação. A imagem da base de Pearl Harbor destruída certamente nos colocará na guerra.
O presidente Roosevelt sabia bem do que estava falando. Acometido pela poliomelite, o presidente não deixava que o povo o visse como alguém fraco fisicamente, embora fosse. Ele nunca aparecia de cadeiras de rodas em público, mesmo que tivesse que andar auxiliado pelos agentes do serviço secreto. Roosevelt sabia que se fosse visto em cadeira de rodas não seria um presidente com três mandatos, ele sabia da importância da imagem para a opinião pública.
-Vocês estão falando em tirar a vida de soldados americanos!
-Mas é claro, e entrar em guerra não significa isso? Foi a observação sarcástica do General de Exército.
-Serão mortes necessárias para que o país deles alcance seu objetivo. Disse enfaticamente o presidente.
O ex-lojista do Missouri ficou impressionado com aquela idéia “mortes necessárias”, ele se lembraria delas anos depois.
-Bem, prosseguiu o presidente, isso ainda não está decidido. Vamos botar em votação, quem é a favor de deixar que o ataque a Pearl Harbor ocorra?
Quase todos os homens na sala se manifestaram positivamente, houve apenas uma única exceção.
-Sinto muito General, mas a decisão está tomada, você deverá acatar a decisão desse comitê. Disse o presidente.
-Não! Isso é um absurdo! É traição! Essa informação será levada ao público!
Após essa explosão o General se retirou da sala. O presidente fez um sinal para os agentes do Serviço Secreto, que imediatamente também deixaram a sala, aquela foi a última vez que alguém viu o General.
Como esperado o ataque de Pearl Harbor fez com que o congresso aprovasse a entrada dos Estados Unidos na guerra mundial. Assim a América deixou seu isolacionismo e lembrou ao mundo que era uma potencia econômica e militar, como queria o presidente Roosevelt, que chegou ao quarto mandato, mas morreu antes do fim da guerra, deixando para outro homem uma dura decisão.
Harry Truman,se lembrou das palavras “mortes necessárias”, e então o ex-lojista do Missouri, ex-vice presidente do país, e trigésimo terceiro presidente dos Estados Unidos, tendo assumido após a morte de Roosevelt, deu permissão para que as novas armas atômicas fossem usadas contra o Japão.
Ele já sabia qual a justificativa que daria aquele ato.