Erótico

Quando os olhos se fecharam, perdi-me em outra dimensão. Penetrei aqueles olhos e fui devorado pelos desejos que me mantiveram morto por longos anos.

Eram apenas olhos, refletidos por uma imagem, mas através deles (re)descobri um mundo que tivera se esvaecido de mim.

Quando me vi perdido, encontrei-me nu no desejo sagrado de ter, possuir aquele corpo que meus olhos invadiram, dedilha-lo e desvendar cada detalhe que o compõe, debruçar-me sobre ele e regozijar-me na angelical selvageria do prazer que, por hora, abstraia-me de quem sou na esperança de viver aquele momento.

Os olhos se entrelaçaram, os corações tornaram-se ímãs e os lábios se pertenceram sem querer. Os dedos revelavam os detalhes do corpo, as velas dispostas sobre o chão da sala cooperavam para que o fogo e a sagacidade não diminuíssem, nem nos diluíssemos em nós mesmos.

Suor.

Vi-me perdido naquele corpo que a cada minuto desabrochava sob meus desejos satisfazendo-me e se satisfazendo. A voracidade se apropriava do meu corpo e, num ímpeto, ouvia-se gemidos delirantes que nos elevavam. O sussurrar das palavras dava um ar quase que angelical em meio a todo aquele fogo que nos consumia inconscientemente. Os desejos eram tão intensos que nossos corpos pareciam ter vontade própria.

Eu que sempre fui preciso em tudo o que quero, não poderia marginalizar o sexo, mas ser envolvido, ou melhor, vive-lo. Após todas as satisfações carnais, o “satisfizemo-nos” foi necessário, porque nenhum de nós havíamos nos entregado tão profundamente, intensamente quanto naquele momento.

No fim, um breve sorriso satisfeito. No adeus, abri os olhos... Tudo tivera sido apenas um sonho...

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 15/10/2017
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