QUEM DISSE QUE SOU Hipocondríaco?

Há alguns anos, coloquei um calçado de trabalho, couro duro e metal na frente, sem meia. Exagero de segurança. Não podia ser uma simples sandália de franciscano, tira larga no peito do pé?... Pois bem: apareceram bolhas, tive dores, febre, na época ainda sem “enfermeira” particular em casa para um comprido ou chá. Farmacêutico receitou, cancelado medo de cirurgia, não fiquei sem o pé, cura em três dias. Antes, relacionei meus poucos bens (praticamente livros) - voltaram logo ao lugar. Fiz testamento não oficial, ano corrente, em abril - gripe horrorosa que me afetou nariz e garganta. Briga e bronca porque não percebi que ELA estava estreando um perfume de jasmim e banquei por escrito estar ‘de mal’ pelo bife queimado e em ‘greve de fala’ pelo meu time de futebol derrotado. ----- Absolutamente, EU não sou hipocondríaco!!! Quando sinto alguma dor, tomo um analgésico prático, da moda; peço que minha mulher marque horário de consulta urgente na clínica. Check up? Não tenho tempo - o ideal seriam exames laboratoriais a cada mês: ou quinzena? Viajando, levo analgésico, antitérmico, antialérgico, antitudo - bom, “levaria” porque ELA agora diz que sou apenas um bebezão assustado e me faz recolocar de volta na gavetinha branca, no banheiro... Farmácia, em todo caso, EU visito para saber de alguma novidade - bolinha, xarope, unguento - ah, pesquiso na Internet: nenhuma necessidade, mas sou curioso. Pior é quando um companheiro de bancada espirra... tomo vitamina C imediatamente e o libero das tarefas para ir se curar em casa. ---- Verão carioca de 44 graus, minha AMIGA em crises de brotoeja, erupções vermelhas, prurido incrível (digita para mim a vulgar palavra ‘coceira’). Não pode vestir nada além de... Não, sem roupa alguma, literalmente nua, fechada em casa. Bom, EU não estava lá para ver... a pele alterada... Pesquisei - diferença patológica séria entre brotoeja e sarna. Pelo sim pelo não, enviei lista colaboradora, onde indiquei sabonetes diversificados, cremes para uma e outra hipótese, pomadas, anestésicos, soníferos, banhos de ervas frescas etc. Pior é alguém curar-se e não saber de quê e como......... Não me chega a ser um grave transtorno psiquiátrico, não é hipocondria trágica, não prejuízo físico-emocional, mas mulher dá mais atenção a um marido que estejadodoizinho: canjinha, chocolate quente, chá com torrada (pizza não!), maçã ralada, geléia de morango. Coberta quentinha de lã, meiazinha, cachecol, abajur a meia-luz. E beijinhos suaves para EU me “curar” depressa (EU não tenho pressa alguma...) da doença que inventei. Se “curar”, beijinhos diminuem?!...

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 30/09/2017
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