Tempo entre nós
Eu não acreditei. Parecia que era só uma pequena loucura passageira. Não fazia sentido, não era real... Ele estava mesmo partindo? Depois de tantas aventuras juntos, ele me pediu pra ir embora... Este foi o primeiro dia, o qual gostaria de apagar da minha vida. Mas como não é possível, resolvi começar a contá-los...
Dia dois: Claro que não foi uma decisão sã. Claro que não! Foi um momento de fraqueza, só isso... Novamente, não acreditei. Mas ele pareceu convincente agora... Fiquei infinitas horas me afogando em meu pranto e tudo continuava sem sentido algum...
Dia três: Fiquei em silêncio... Ele também...
Dia quatro: Tanto silêncio que me deixou atordoada...
Dia cinco: Uma mensagem. Chegou uma mensagem e começamos a falar alguma coisa. Mas continuei sem entender absolutamente nada.
Dia seis: Mais algumas mensagens, sem emoção, sem prazer, sem sentimento. Esperei que ele dissesse outra coisa...
Dia sete: Uma louca ansiedade pelo dia seguinte. Para que tudo acabasse de vez! Sem olhar para trás, sem pensar de novo... Estava disposta a desistir!
Dia oito: Desisti de desistir. Queria muito ir lá e buscar tudo, desfazer tudo... Não pude. Me faltou coragem pra isso. Na verdade, me faltou vontade.
Dia nove ao quinze: Nem sei o que dizer... Algumas mensagens de vez em quando. Mais silêncios na maioria do tempo. Sinto um vazio sem fim...
Dia desesseis: Mais uma semana começou e parece que já faz um século que ele me atirou nesse poço de raiva/tristeza/ódio/saudade...
Dia desessete ao vinte: Mais algumas mensagens... Às vezes parece que a qualquer segundo, tudo vai ficar bem. Mas só parece mesmo... Acho que ele não me ama mais. Talvez, nunca tenha me amado...
Dia vinte e um e vinte e dois: Esperei que ele viesse para conversarmos... Com a esperança de que ficasse tudo bem. Ele não veio...
Dia vinte e três ao vinte e oito: Não sei... Não sei mais o que pensar... O que dizer, o que esperar... Só sei que não quero mais sentir nada...
Dia vinte e nove: Não fui, de novo. Por outras circunstâncias. Mas dessa vez eu estava decidida mesmo a ir. Não para pegar o que era meu, mas para tentar de novo... Ou não... Muitas mensagens nesse dia. Até uma ligação... Na qual ouvi atentamente cada palavra que ele me disse... Mas eu queria ouvir só uma unica frase, que não foi dita...
Dia trinta: Nos falamos mais um pouco. Pedi de volta minhas coisas e estava disposta a devolver tudo a ele, inclusive... Mas ele disse, em palavras tortas, que poderíamos recomeçar. Era o que eu queria ouvir, porém de outro jeito... Não foi convincente. Nem um pouco. Eu queria, mas não consegui acreditar... E o pedi para sumir...
Dia trinta e um: É, ele sumiu por um dia. Talvez seja melhor assim.
Dia trinta e dois: Joguei fora um presente. O primeiro presente que ele me deu: snoopy. Estava com tanta raiva, que eu mesma queria ME jogar no lixo e atirá-lo no meio do nada! Estava tão chateada, que destruí o snoopy... Quem sabe a dor se ameniza por alguns segundos...
Dia trinta e três: Não amenizou nada... Ele mandou mensagem. Falamos sobre coisas banais... Parece que está tudo bem, para ele. Acho que ele nem se importa. Vou parar de me importar também. Parar de criar expectativas. Parar de acreditar.
Acho que vou parar também de contar os dias. O tempo não está caminhando com a minha dor... Gostaria de pará-lo. Gostaria de desaparecer. Posso voltar ao início?