A Rosa de Maio
No segundo domingo de maio, os meninos da rua do fio resolveram surpreender suas mães e fazer uma festa. Juntá-las na casa da dona Maria e lá parabeniza-las pela passagem do dia.
E no sábado, o que juntaram não dava para comprar lembranças e nem as rosas, portanto foram opinando, até que concluíram em dar só lembrancinhas, mas José, um dos filhos, nem lembrança podia comprar e foi assim mesmo para o comercio com a turma. Sob pesquisas de preços e pechinchas a maioria comprou. José por sua vez, escondeu o que comprou, se limitando apenas a rir, quando perguntado, pois achava o seu presente muito simples.
No domingo, após a missa, lá na casa da dona Maria, as mães reunidas e os meninos arrumando e colocando o almoço na mesa improvisada, para caber tudo o que eles trouxeram de alimentos, seguiam com a programação. Uns faziam barulho, outros ajeitavam o microfone e outros se preocupavam com a organização do evento.
Todos em seus lugares, Rubinho no palco, Ruth fazendo a abertura, dona Wilse chegando na cadeira de rodas, donas Marias sorridentes e interessadas, quando Pilão junto com os seus irmãos e irmã faziam declaração a sua mãe; em seguida Rubinho e Ruth, Robertinho, Marco e Alvina, Júnior, Gel e France. Entrou José, humilde, com aquela mesma roupa do comercio e com os seus cinco irmãos fizeram uma declaração, um põem canção e aproveitando o ensejo, falaram da felicidade de estar compartilhando a vida com tantas pessoas, que o respeitam e o aceitam como ele é.
Nessa explanação, ele e o seu irmãozinho, que teve paralisia infantil, entregaram a sua mãe a
Rosa de plástico. Ela, juntamente com tantas outras mães, sentindo-se tocadas, agradeceram, não pelos presentes, não pela comida, mas por juntos estarem ali dividindo a mesma mesa, uma vez que há tanto tempo conviviam na mesma rua e nunca pararam para dividir a mesa. E aqueles meninos, naquele instante aclamados por suas mães, com sorrisos estampados na inocência do rosto e a felicidade ampla no cerne do coração, disseram, sem nunca imaginar aquela cena, ao tempo de todas as dificuldades, que o amor fazia a “diferença”.
A emoção foi tão forte, que ao termino da confraternização muitas mães estavam chorando e se abraçando e os pais orgulhosos já reclamavam querendo saber o que teria paro o dia deles. Mas o que ficou a história, contada pela existência da flor de plástico no cantinho de cada mãe ainda viva, passa da boca delas com orgulho de seus filhos as mães do futuro, naquela rua do fio.