Professora “Nota dez
”
Dona graça se deu conta de que estava precisando comprar algumas coisas pra temperar seu peixe para seus irmãos na fé, que naquele domingo iria almoçar lá com ela.
No caminho para o Mercadinho do bairro encontrou seus convidados e informou o que iria fazer. Sem demora tirou da sua sacolinha a chave para abrir a sua casa e ofereceu aos irmãos. Porém eles rejeitaram e preferiram fazer-lhes companhia até o mercado.
Pé ante pé seguiram por um atalho que dava em cima do canal do Barreiro, que fez os irmãos se admirarem com a beleza do local e ao mesmo, que vituperaram o descaso do poder público, em urbanizar aquela área, tornando-a apresentável para o turismo e para gerar rendas e o emprego de muitos que moram ao redor.
Entre lamentos e admirações chegaram ao comercio local, entraram no mercadinho e dona Graça foi logo pegar uma cestinha. Tudo isso, sem perder o fio da meada.
Enquanto a fila no caixa só aumentava, mudaram o rumo da prosa e passaram a falar da carestia, do alto preço das coisas. Chegando a conclusão, de que o governo se quer pensa no povo, só se preocupa com as politicas de interesses pessoais. E impõe a idéia de não intervir no mercado, deixando-o solto, para que bancos pratiquem juros abusivos, comerciantes aumente os preços das mercadorias e as telefonias prestem serviços de má qualidade. Isso sem dizer dos serviços públicos ineficientes e para completar toda essa miscelânea de coisas eleva os impostos para pagar os rombos, provenientes da corrupção exacerbada, que praticam impunimente.
Nesse contexto ela foi enchendo a cestinha, até que se deixou conduzir para uma das filinhas, no entanto, ela mesma se percebeu e disse aos irmãos, que ela tinha que ir ao caixa preferencial, que estava com menos pessoas, afinal ela já tinha mais de setenta anos. Assim se dirigiram facilmente pra outra fila e ainda conversando com os irmãos, que ficaram a parte, aguardava sua vez.
Chegando o momento ela colocou suas coisas sobre o balcão da caixa, que estava papeando com a sua gerente e que sem mais nem menos, ao deparar com aquela anciã, no intuito de fazer pilhéria falou em voz de contralto:
- A senhora não é aquela professora ruim, que batia na gente na escola?
Ao redor todos que faziam compras, a gerente e os irmãos voltaram seus olhares para aquela situação, como a querer ridicularizar, aquela senhora, que não perdeu a pose e virou-se replicando:
- Sou minha filha, eu mesma fui a tua professora ruim, mas se não fosse daquele jeito, você talvez nem estivesse aí sentada no caixa desse mercadinho, visto que você, como muitos lá na nossa escolinha eram muito preguiçosos.
E todos, que viraram para ver a cena riram da caixa, que “morta” de vergonha, não sabia onde enfiar a cabeça.
Dona Graça, a professora saiu do mercadinho tranquila, enquanto a caixa teve que aguentar a pilheria dos seus colegas de trabalho.