O Começo Do Fim
Eric do Vale
Aquilo não passava de um sonho mesmo! Há mais de dois meses que papai havia deixado de morar conosco. Trinta dias depois de ter nos visitado, vovó tinha sido hospitalizada. Por isso, mamãe viajou para vê-la. Meus Deus, como tudo foi tão rápido! Foram necessários muitos anos para que a ficha caísse.
Dois dias antes de viajarmos, mamãe me falou que papai é quem passaria a me levar ao dentista. Desde junho, mamãe e eu estávamos contando nos dedos o dia em que iríamos viajar para visitar vovó e os demais parentes que lá residiam. Assim que regressamos, já estávamos em um outro ano. Aliás, uma outra década.
Papai passou a ficar menos tempo em casa, viajando com frequência para o interior a fim de conferir o andamento de um sitio que estava construindo até se estabelecer por lá.
Aluguei o mesmo filme de sempre. A última vez que isso aconteceu, faltavam quatro dias para viajar com mamãe. E quando voltamos, nunca mais encontrei aquele filme na locadora, por quê? Não sei, nunca entendi e, talvez, jamais compreenda direito.
Agora, eu o havia reencontrado e fui para a casa com o sorriso até as orelhas. Mostrei o filme para papai que também sorriu e perguntei:
-Vamos assistir?
-Mas é claro!
Como eu gostaria que aquilo realmente tivesse acontecido, assim como queria ouvir que vovó estava bem. No entanto, era preciso encarar a realidade.