TUBARINHO

TUBARINHO

Há muito tempo atrás, vivia voando e pulando de galho em galho, um pássaro esquisito, chamado tubarinho.

Tubarinho era grande, mas tinha asas pequenas e era o único pássaro que tinha dentes e pele lisinha, ao invés de bico e penas. Adorava pousar em coqueiros e comer coco verde fresquinho, degustando sua polpa e bebendo sua água. Preferia a carne a agua, pois esta era muito docinha para seu gosto, adoraria que fosse mais salgadinha.

No fundo, tubarinho não curtia muito ser pássaro, gostaria de ser peixe. Quando voava, sempre próximo a praia e aos coqueiros, ficava embevecido pelo mar. Enquanto traçava uns cocos, ficava olhando e pensava o quanto seria bom, nadar naquelas águas. Certa vez tentou, mas quase morreu afogado, salvou-o, uma onda grande que o jogou na areia. Naquele dia, tubarinho chorou lágrimas salgadas, ficou emocionado pois pensou que as lágrimas salgadinhas, eram fruto de seu mergulho no mar. Resolveu então procurar Acalântis, a deusa dos pássaros, para que pudesse transformar-se em peixe e nadar ao invés de voar. Acalântis ouviu-o e prometeu que iria falar com Netuno, rei dos mares, para tentar atender seu desejo.

Netuno disse a Acalântis, traga-o a minha presença e verei o que posso fazer.

Tubarinho foi falar com Netuno, confessou-se um apaixonado pelo mar, não que não gostasse de ser pássaro, mas o mar, com suas ondas, com sua profundidade, com sua correnteza, com seu azul, fascinava-o.

Além do mais, ele se via discriminado pelos outros pássaros, porque não tinha penas e bico, e isso o deixava extremamente triste, não conseguia conviver com seus semelhantes de forma harmoniosa. Ouvindo-o, Netuno chegou a conclusão que seu desejo era pertinente, num passe de mágica mitológica, transformou tubarinho em tubarão A partir daquele dia, ele passou a grassar em todos os oceanos, não mais comia coco, adorava carne, tornou-se um predador. Netuno e Acalântis se arrependeram, mas era tarde.

Em terra não havia mais tubarinhos, mas desenvolveu-se uma nova espécie o “homo selachimorpha”, espécie de tubarão bípede, aos montes, muito mais agressivos, que seu agora semelhante dos mares, pois comia carnes que se transformavam em dinheiro, e principalmente biografias de mandatários a esquerda e a direita, com apetite voraz.

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 15/07/2017
Reeditado em 15/07/2017
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