JEZEL A VINGANÇA 1 DE IONE AZ E PAULO FOG
JEZÉL A VINGANÇA
NÃO PODERÁS VER TEUS OLHOS DURANTE A NOITE. ATÉ QUE A CHUVA CAIA DE UM CÉU TENEBROSO.
1985 - Em uma fazenda no Paraná próximo a cidade de Maringá, uma jovem grita, lençol todo manchado de sangue.
Aos gritos segura com enorme força a mão de um cigano e de um anão com enorme barba que chega a tocar o chão dependendo do movimento deste, ouve-se um forte trovão, o casebre é iluminado por claridão de um raio.
Entra ali uma mulher em vestido longo preto, sapatos salto ouro, trazendo no braço um largo bracelete com imagens do signos os dedos todos tomados por anéis de prata, cabelos longos com mechas vermelhas.
- Já nasceu?
- Ainda não senhora.
- Esta demorando muito.
- Fazemos o que lei de J permite.
- Sim, me deixe a sós.
Todos saem dali, a mulher ainda grita, Hélida olha para o alto e retorna a olhar para a mulher.
- Cale-se. A mulher fica em silêncio petrificado, Hélida esfrega as mãosem segundos essas ficam aquecidas, surge uma chama de cor violeta e Hélida coloca sob o ventre da mulher que grita de horror porém não sai som.
Hélida profere um rito hebraico e logo o ventre da mulher tem espasmos.
De seus olhos surgem focos de chamas e ali nasce a criança tão esperada, a mulher retorna a voz.
- Nasceu?
- Sim.
- Posso ver?
- Não.
- Por que?
- Ela não te pertence.
- Eu sei.
- Se sabes, então cala-ti.
O anão entra ali e Hélida entrega a criança uma menina branca, olhos azuis.
- É linda.
- Sim, se chama Jezel.
- Jezel?
- Sim.
- Nome de...
- Anjo, talvez, só que sabemos, temos pavor a eles.
- E agora?
- Cuidemos do vaso.
- Ficará livre?
- Sim, só que ao meu jeito.
- Que assim seja.
- Ah Helizar, quanto tempo faremos estas coisas?
- Fazer o quê, somos os faxineiros da ordem.
- É, vamos lá.
Assim que o anão sai dali com Jezel nos braços, Hélida olha para a parturiente.
- Agora é tua vez.
- O que vai fazer comigo?
- Deveria por fim, mais é teu dia de sorte, como diz os outros seus.
Hélida coloca um dedo á boca e saliva neste, levando este a testa da mulher que sente um forte ardor percorrer seu corpo logo seguido de uma corrente elétrica que a faz desmaiar.
Retirada do casebre já dentro de um Fusca, acorda meio tonta olhando o casebre pegar fogo.
- Para onde a levo?
- Deixe ela na rodoviária de Maringá.
- Sim.
Hélida segue num Royce preto junto do bebê, Helizar e o cigano que profere um trama de seu clã e o auto se dissipa no ar com eles.
DIAS ATUAIS.
Interior de São Paulo, Jezel, garota forte, estuda em uma escola particular com excelentes notas, sendo sempre a primeira portanto criando em outros uma certa inveja o que a faz não ter amigos.
Ainda soma-se a isso o fato de seu motorista a deixar frente ao portão poucos segundos para o sinal tocar e busca-la sempre antes que este toque.
- Jarbas, você bem que poderia se atrasar algum dia desses.
- E correr o risco de ir para o limbo.
- O que foi?
- Nada a senhorita deve ter se confundido.
- Jarbas você teme a minha tia Hélida?
- E não é para temer?
- Olhe eu sei que ela é forte, ás vezes agressiva, mais no fundo é boa pessoa.
Ele balbucia. - Se ao menos ela fosse humana.
- O que disse, não te entendi.
- Acho melhor irmos senhorita.
- Tudo bem, vamos.
- Sim.
07072017 ----------------------------------------------------------------------------