Vidas Entrelaçadas...
Três almas resignadas davam vida àquele pardieiro.
Havia um corredor sem janelas, numa fenda permeava
luz solar que morria a poucos passos na escuridão.
A mãe saía cedo pra trabalhar e os dois anjos brincavam,
vez por outra sentiam falta da presença da mãe.
No entardecer os três corações se uniam num profundo amor, o fogão de lenha com suas labaredas crepitavam e amenizavam o viver daqueles espíritos em redenção.
A mãe ficava numa agonia quando faltavam alimentos, pois o fogão apagado significava a fome e a humilhação.
Aquelas vidas entrelaçadas silenciavam e sentiam as agruras da vida, pois a jovem mulher temia a fome dos filhos e suas consequências.
Para matar a fome, a mãe colocava açúcar na boca e sentia o amargor de sua vida miserável.
Para seus dois filhos repartia o pão que comprava com seu parco dinheiro.
O tempo que tudo profetiza já ia tecendo uma vida digna.
Com o passar dos anos, o fantasma da fome foi afastado e o fogão de lenha passou a ter labaredas púrpuras todos os dias. O pardieiro ficou só na memória daquelas vidas entrelaçadas, restando o eterno agradecimento ao Pai.